ATA DA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-5-2002.
Aos vinte e nove do mês de maio do ano dois mil e dois,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às vinte e duas horas e seis minutos, foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Almerindo Filho, Adeli Sell, Beto Moesch,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, José Fortunati, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste,
Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo
Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Mauro Zacher e Roque Jacoby. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Antonio
Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Ervino Besson,
Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Raul Carrion, Sofia Cavedon e
Elias Vidal. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos. A seguir, o Vereador Isaac Ainhorn apresentou
Requerimento de autoria de Sua Excelência e do Vereador Reginaldo Pujol,
solicitando que não seja adiada a votação do Projeto de Lei do Legislativo nº
089/02 (Processo nº 1574/02). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo
Danéris teceu considerações sobre o processo de votação do Projeto de Lei do
Legislativo n° 089/02, contrapondo-se à aprovação do mesmo. Também, questionou
a postura adotada pelos Senhores Vereadores durante a Quadragésima Segunda
Sessão Ordinária e Segunda Sessão Extraordinária, quanto aos debates realizados
sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados no Município. O Vereador
Carlos Alberto Garcia discorreu sobre a realização, hoje, do Dia do Desafio, o
qual busca promover o esporte em todo o mundo, coordenado no Estado pelo
Serviço Social do Comércio - SESC. Em relação ao assunto, destacou a
importância dos benefícios da prática esportiva como fator de prevenção à
obesidade, referindo-se à conscientização da população em adotar a atividade
física como um hábito em prol da saúde. O Vereador Raul Carrion manifestou-se
sobre a conjuntura sócioeconômica brasileira, especificamente no que diz
respeito aos índices de desemprego hoje verificados, traçando um comparativo
entre o momento atual e a situação vigente em mil novecentos e oitenta. Também,
manifestou-se contrariamente à aprovação do Projeto de Lei do Legislativo nº
089/02 (Processo nº 1574/02), que autoriza a abertura do comércio aos domingos
e feriados no Município. O Vereador Isaac Ainhorn pronunciou-se sobre os
trabalhos da presente Sessão, ressaltando que a mesma é destinada à apreciação
do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Ainda, teceu considerações sobre as
diretrizes políticas do Partido Democrático Trabalhista - PDT, afirmando que a
referida agremiação busca o aprimoramento das relações democráticas
estabelecidas junto à sociedade e referindo-se à realização de eleições gerais
no ano corrente. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a
ORDEM DO DIA e dada continuidade à apreciação do Projeto de Lei do Legislativo
n° 089/02, iniciado durante a Quadragésima Segunda Sessão Ordinária. Após, face
Questão de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Juarez Pinheiro, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a tramitação do Requerimento de
autoria dos Vereadores Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn, o qual solicita que não
seja adiada a votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo nº
1574/02). Também, foi apregoado Requerimento de autoria da Vereadora Maristela
Maffei, solicitando o adiamento, por duas Sessões, da votação do Projeto de Lei
do Legislativo nº 089/02 (Processo nº 1574/02). Ainda, através de Questão de
Ordem, o Vereador Estilac Xavier contestou a regimentalidade do Requerimento de
autoria dos Vereadores Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn, o qual solicita que não
seja adiada a votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo nº
1574/02), tendo o Senhor Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos
Vereadores Reginaldo Pujol, Raul Carrion, Isaac Ainhorn, Estilac Xavier,
Sebastião Melo e João Antonio Dib, prestado esclarecimentos sobre a matéria e
declarado que a mesma apresenta condições regimentais para tramitar, ao que o
Vereador Estilac Xavier apresentou Recurso, nos termos do artigo 194, § 1º, do
Regimento, solicitando a concessão de efeito suspensivo ao mesmo, tendo o
Senhor Presidente decidido pela tramitação do Recurso e pela denegação do
efeito suspensivo. Foi aprovado o Requerimento de autoria dos Vereadores
Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn, solicitando que não seja adiada a votação do
Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo nº 1574/02), por dezesseis
votos SIM, treze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação
pelos Vereadores Marcelo Danéris, Carlos Alberto Garcia e Raul Carrion, em
votação nominal solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, tendo votado Sim os
Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano, Elias Vidal,
Mauro Zacher e Roque Jacoby, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni,
Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo
Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion,
Sebastião Melo e Sofia Cavedon e tendo optado pela Abstenção o Vereador Pedro
Américo Leal. Em Discussão Geral e Votação, foi votado destacadamente e aprovado
o artigo 1° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por dezesseis votos
SIM, doze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Estilac Xavier, Raul Carrion, Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol
e Isaac Ainhorn, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati,
tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Clênia Maranhão,
Dr. Goulart, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir
Caetano, Elias Vidal, Mauro Zacher e Roque Jacoby, Não os Vereadores Adeli
Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro,
Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion,
Sebastião Melo e Sofia Cavedon, tendo optado pela Abstenção o Vereador Ervino
Besson e tendo o Vereador Luiz Braz manifestado-se sobre o pronunciamento
efetuado pelo Vereador Reginaldo Pujol durante o encaminhamento à votação dessa
matéria. Também, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Juarez Pinheiro,
o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a votação do artigo 1° do
Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. Foi votado destacadamente e aprovada a
expressão "aos domingos e feriados", constante no artigo 1º do
Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por dezesseis votos SIM e treze votos
NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Carlos
Alberto Garcia, Raul Carrion, João Bosco Vaz e Marcelo Danéris, em votação
nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati, tendo votado Sim os Vereadores
Almerindo Filho, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano, Elias
Vidal e Roque Jacoby e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos
Alberto Garcia, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Marcelo
Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion,
Sebastião Melo e Sofia Cavedon. A seguir, face Questão de Ordem formulada pelo
Vereador Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a
ordem de apreciação das matérias destacadas constantes do Projeto de Lei do Legislativo
nº 089/02. Foi votada destacadamente e aprovada a expressão
"feriados", constante no artigo 1° do Projeto de Lei do Legislativo
n° 089/02, por quinze votos SIM e treze votos NÃO, após ser encaminhado à votação
pelos Vereadores Sebastião Melo, Maristela Maffei, Raul Carrion, Isaac Ainhorn,
Carlos Alberto Garcia, Beto Moesch e Reginaldo Pujol, em votação nominal
solicitada pelo Vereador José Fortunati, tendo votado Sim os Vereadores
Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio
Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e
Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto
Garcia, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria
Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia
Cavedon. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Juarez
Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente
Sessão. Também, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Estilac Xavier, o
Senhor Presidente prestou esclarecimento sobre a duração das licenças dos
Vereadores Haroldo de Souza e Antonio Hohlfeldt. Foi votada destacadamente e
aprovada a expressão "domingos", constante no artigo 1° do Projeto de
Lei do Legislativo n° 089/02, por quinze votos SIM e quatorze votos NÃO, após
ser encaminhado à votação pelos Vereadores Raul Carrion, Adeli Sell e Carlos
Alberto Garcia, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati,
tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia,
Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir
Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Estilac Xavier, João Bosco Vaz,
Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu
D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Foi votado destacadamente
e rejeitado o artigo 2° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por
quatorze votos SIM, quinze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Raul Carrion e Carlos
Alberto Garcia, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati,
tendo votado o Senhor Presidente, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo
Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano, Não os Vereadores
Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Estilac
Xavier, João Bosco Vaz, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria
Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia
Cavedon e tendo optado pela Abstenção o Vereador Pedro Américo Leal. Em Votação,
esteve o artigo 3° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, o qual obteve
quinze votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati,
tendo votado os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia,
Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano, votação esta declarada nula pelo Senhor
Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, face
manifestação do Vereador Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca do teor do artigo 3º do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02. À uma
hora e vinte e sete minutos do dia trinta de maio de dois mil e dois,
constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores José Fortunati e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador
Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores
1° Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Estão abertos os trabalhos da 3ª Sessão
Extraordinária. Solicito verificação de quórum.
(Procede-se à verificação de quórum.)
Com a presença de dezenove Srs. Vereadores, há
quórum.
O SR. ISAAC
AINHORN: Eu quero formalizar a entrega de um Requerimento, firmado pelo Ver.
Reginaldo Pujol e por este Vereador, requerendo que, em relação ao Proc. n.º
1574/02, PLL n.º 89/02, não seja adiada a sua votação nesta Sessão
Extraordinária.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. MARCELO
DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, quanto
mais avança esta Sessão, mais se constata que não há condições de votação para
este Projeto hoje, e nós estamos expondo a Câmara de Vereadores para a
população de Porto Alegre. Vamos, pelo menos, preservar a imagem da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, já que existe uma clara divisão entre os
Vereadores. Vamos fazer este debate, vamos chamar uma audiência pública, vamos
discutir este Projeto. Quanto mais se prorroga... Vejam o que aconteceu agora,
tivemos de encerrar uma Sessão Extraordinária e pedir outra Sessão
Extraordinária e agora há Requerimento querendo tolher o direito dos outros
Vereadores de requerer adiamento de votação. Totalmente anti-regimental.
Primeiro tinham feito um Requerimento que era para adiar de um a cinco, para
tentar neutralizar a ação dos Vereadores que são contrários à votação deste
Projeto hoje. Agora, já fizeram o contrário, é um Requerimento que proíbe
requerimentos. Não existe isso! Não existe isso, ou seja, um requerimento que
proíbe requerimento. Não existe requerimento que proíba requerimento. Mas vão
ter de fazer todo o Regimento de novo. Totalmente anti-regimental. É direito
legítimo do Vereador requerer adiamento de discussão e de votação, e nós vamos
requerer todos os adiamentos que nós temos direito, regimentalmente, não
anulando o Regimento. Há um Requerimento que anula outros requerimentos. Não
existe isso, e espero que a Câmara de Vereadores, obviamente, não aprove o
Requerimento que anula outros requerimentos. Temos que garantir aqui o direito
legítimo de os Vereadores se pronunciarem ou de fazerem requerimentos. Não dá
para fazer requerimentos assim. Eu vou fazer um Requerimento onde todos os
artigos do Regimento não estão valendo sobre a Sessão Plenária. Não existe
isso. Vamos trabalhar com seriedade. Tem uma posição clara que quer votar hoje
e outra que não quer votar hoje. É óbvio que com uma Câmara dividida sobre a
posição a tomar, nós, no mínimo, devemos deixar o tempo necessário para fazer o
debate profundo. E, inclusive, para ouvir os argumentos.
Eu estou de novo nesta tribuna e não ouvi nenhum
argumento para combater o meu argumento. A população que nos assiste aqui e
pela TVCâmara perceberá que nenhum argumento foi colocado contrário aos
argumentos de tantos Vereadores que assumiram esta tribuna que são contrários à
votação hoje. Nenhum Vereador assumiu ainda essa tribuna e já estamos uma hora
após a minha última intervenção nesta tribuna. Nenhum Vereador argumentou a
respeito do comércio aos domingos. É interessante que, às 22h11min, agora com 8
horas e 11 minutos de duração dos trabalhos desta Sessão de hoje, nenhum dos
Vereadores que são favoráveis à abertura do comércio aos domingos se
pronunciou. Mas que debate é esse? Mas que respeito é esse que temos pela
população de Porto Alegre? Pelos trabalhadores que estão até agora aqui? Os
trabalhadores estão aqui junto com pequenos e médios empresários sem direito a
lanche, acompanhando esta Sessão. Nós, no mínimo, deveríamos respeitar essas
pessoas e dar o tempo de debate que elas estão pedindo aqui com educação e com
suas presenças, conversando com os Vereadores e fazendo um único pedido. Não
estão pedindo para nunca votar esse Projeto. Estão pedindo para dar tempo para
o debate. Para dar tempo para que tantas entidades e tantas lideranças possam
dialogar com os Vereadores.
Qual é o medo? Por que impedir este debate? Qual é
o interesse que está por trás disso? Qual o interesse em votar no afogadilho
esse Projeto? Hoje, às 10 horas e 12 minutos, nenhum argumento debatido a favor
do comércio aos domingos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder pelo PSB.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, esta longa Sessão que já dura 8 horas e 13 minutos também nos
possibilita trazermos alguns assuntos pertinentes à vida da Cidade.
Hoje em todo o mundo foi realizado o Dia do
Desafio. Esse Dia do Desafio consiste, em todas as cidades do mundo, durante 15
minutos, convidar e estimular a população a fazer uma atividade física. Hoje,
às 8h30min, o SESC, que está coordenando o evento na cidade de Porto Alegre,
proporcionou um café da manhã com todos os dirigentes das diversas
universidades que estão envolvidas com o mesmo. Porto Alegre espera computar
até a meia-noite de hoje - e nós, aqui, não poderíamos fazer uma Sessão de 15
minutos, já que a Sessão está longa -, aproximadamente seiscentas mil pessoas
efetuando atividades. Então, isso mostra que na realidade não é simplesmente
fazer a atividade física, mas sim chamar à conscientização, à preocupação de
toda a população mundial para os benefícios da atividade física, já que hoje
estamos vivendo no mundo um novo fenômeno: a obesidade.
A obesidade já é considerada uma doença, e o nosso
País, como grande parte dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, também
sofre com a questão da obesidade. Então, o objetivo principal do Dia do
Desafio, hoje realizado no SESC foi fazer com que as pessoas se conscientizem,
Ver. João Antonio Dib, mesmo aqueles obesos, para que comecem a fazer uma
atividade. Essa foi a grande razão para que todas as pessoas tomem consciência
e possam, sim, fazer uma atividade física. Isso foi sob a coordenação, aqui no
Rio Grande do Sul, do SESC, mostrando que cada vez mais temos de fazer uma
medida profilática em prol da atividade física. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma
Comunicação de Líder pelo PC do B.
O SR. RAUL
CARRION: Ex.mo Presidente Ver. Paulo Brum, que dirige os trabalhos,
demais Vereadores, Vereadoras, em primeiro lugar eu queria esclarecer que
conversei com o Ver. Fernando Záchia e foi explicado que ele não permitiu ao
Ver. Sebastião Melo, num determinado momento, que era sobre o adiamento da
votação, que entendeu que não cabia e que, depois, em nenhum momento, teria
impedido o Ver. Sebastião Melo de usar a Comunicação de Líder. Evidentemente,
tenho de acreditar na palavra do Ver. Fernando Záchia, quero dizer que foi um
mal-entendido e penso ter esclarecido.
Em segundo lugar, queria tratar nesta Comunicação
de Líder de um tema que tem tudo a ver com a questão da abertura ou não do
comércios aos domingos, que é o quadro terrível que vive o Brasil de
desemprego. Nós temos hoje em diversos jornais a informação de que o Brasil em
vinte anos passou do 9.º país em número de desemprego no mundo para o 2.º país
do mundo em quantidade de desempregados. Vejam bem, há vinte anos, em 1980,
quando começou a onda neoliberal no mundo - aqui se retardou um pouco - começou
no final da década de 80, existiam novecentos e sessenta e quatro mil
desempregados. Em apenas vinte anos, passamos de novecentos e sessenta e quatro
mil desempregados para onze milhões, quatrocentos e cinqüenta e quatro mil de
desempregados, Ver. Pedro Américo Leal. Esse é o quadro que essa modernidade
que desregulamenta a legislação trabalhista, que terceiriza, que liquida com o
direito dos comerciários está levando o nosso povo. Eu pergunto: num país com
onze milhões de desempregados, onze vezes mais do que no início da década de
80, evidentemente a capacidade de compra diminui. Então, não é por aumentar um
dia de comércio das lojas, que vão vender mais. Mas além do desemprego
crescente, temos observado um achatamento salarial, ou seja, o poder de
consumo, neste País, diminui por dois lados: diminui porque menos pessoas estão
empregadas, menos pessoas têm salários, menos pessoas podem comprar; segundo,
os poucos que estão desempregados ganham cada vez menos. É esse o poder
aquisitivo de um povo. Para não ir mais adiante, o número de pessoas com carteira
assinada, hoje, é menos da metade da população economicamente ativa. Então, é
descabida essa política neoliberal, que até é suicida, de retirar ainda mais
direitos, e simplesmente amplia os números de dias pensando que com isso
aumenta o poder de consumo do nosso povo.
Para concluir, pois o tempo se escoa, e já foi
dito, quero apenas ressaltar que pelo segundo trimestre consecutivo o produto
interno bruto brasileiro encolheu. O Brasil neoliberal, por dois trimestres,
cresceu como rabo de cavalo: para baixo. E é nesse cenário que se pretende
solucionar, abrindo um dia mais as lojas. Evidentemente que as pessoas que
assim pensam desconhecem os rudimentos da economia política. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos ao final de uma importante
Sessão que vai, apesar de todos os percalços, procrastinações de ordem
regimental, que fazem parte dos expedientes regimentais, votar a abertura do
comércio aos domingos. Quero dizer, em primeiro lugar, que a nossa Bancada do
PDT teve uma posição aberta. O nosso Partido é um partido que tem na sigla
“democrático”, tem um compromisso com a democracia interna, com o livre debate.
E não é um partido de tendências, não é um partido em que se aplica o
centralismo democrático, a velha estrutura stalinista de um socialismo morto,
de um socialismo que acabou, que só não acabou na cabeça de alguns apedeutas,
meu caro Ver. Fernando Záchia, que teimam em não tirar da cabeça o Muro de
Berlim. Nem a União Soviética existe mais! E nós queremos construir uma
sociedade justa, uma sociedade mais humana, uma sociedade igualitária, uma
sociedade socialista, mas coerente. O PT, por exemplo, há muito tempo anda
costeando a cerca. Anda admitindo concessões e flexibilização da legislação
trabalhista no Congresso Nacional. E mais, votou a favor do ingresso do capital
estrangeiro nos meios de comunicação. É o começo, apenas, de uma série de
concessões. Quem, há algum tempo, foi conversar com a figura máxima do
neoliberalismo, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, foi o Sr. Luiz Inácio
Lula da Silva. Foi ele. Agora, eu ouço aqui um murmúrio de uma voz que diz que
o Brizola... petista, é verdade. Eles tentaram acabar com o PDT no Rio Grande.
Mas não conseguiram, e o trabalhismo está mais vivo do que nunca; ao contrário,
reforçado, com a segunda maior Bancada desta Casa. E aqui na Bancada do PDT,
onde me orgulho de ser o Líder, gostaria de informar, que, como Líder da
Bancada, mesmo em posições divergentes, sempre abri espaços a qualquer
companheiro meu, nesse curto período em que exerci a Liderança, para que
pudesse expressar o seu pensamento. Não é o esquema autoritário de estruturas
burocráticas carcomidas, de partidos que perderam o seu enraizamento com a
base. Nada disso. É o desespero que começa a tomar conta da base petista.
Estamos num ano eleitoral, a alguns meses das eleições, em que, finalmente, o
Rio Grande vai ser libertado dessa noite triste que foi a administração de
atraso, de retrocesso, na cidade e no campo, praticada pelo PT, com o MST, com
invasão de terras, com desrespeito à economia rio-grandense, sem valorização.
Tudo isso é um capítulo que se está encerrando democraticamente, não por via da
violência, no dia 31 de dezembro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, passamos à
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação Requerimento
apresentado pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn, solicitando que
não seja adiada a votação do PLL n.º 089/02.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Ex.ª havia, na Sessão anterior
anunciado que havia na Mesa dois Requerimentos, e, parece-me que disse,
inclusive, os Requerimentos. E esse que V. Ex.ª leu agora seria o segundo.
Apenas consulto V. Ex.ª se não havia prioridade de um Requerimento anterior de
adiamento de votação. Parece-me que V. Ex.ª mesmo disse que, repito, havia dois
Requerimentos, e o primeiro seria o outro de nossa Bancada.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Juarez Pinheiro, é verdade, na Sessão anterior
havia esse encaminhamento, na medida em que a Sessão se encerrou nós começamos
um novo procedimento. E nesse momento, o Ver. Isaac Ainhorn apresentou
anteriormente o Requerimento.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr. Presidente, mas o nosso Requerimento permanece com V. Ex.ª na Mesa,
não é isso? Ele fica como segundo Requerimento ou V. Ex.ª entende que temos que
apresentar novamente?
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Tem de apresentar novamente.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Novamente. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Na verdade temos em mãos o Requerimento apresentado
pela Ver.ª Maristela Maffei, agora, constante do adiamento por duas Sessões.
O SR. ESTILAC
XAVIER (Questão de Ordem): Questão de Ordem baseada no art. 178, Sr.
Presidente, que trata do adiamento das Sessões, que eu passo a ler para poder
sustentar a minha opinião. (Lê.) “A votação poderá ser adiada a Requerimento de
Vereador, aprovado pelo Plenário por no máximo cinco Sessões Ordinárias e
consecutivas. Não cabe adiamento de votação em casos...” E aí cita: Veto, etc.
Ora, intenta o Ver. Isaac Ainhorn propor que o
Plenário suspenda os efeitos do Regimento sem apreciação. Ou seja, todos os
Vereadores têm direito a apresentar um Requerimento e com isso ele está
suplantando a dinâmica que foi adotada no processo até agora, ou seja: aprovado
esse Requerimento, nós simplesmente anularíamos por uma decisão absolutamente
circunstancial e conjuntural do art. 178.
Pelo que eu estou - data vênia o entendimento de V.
Ex.ª, da DL ou da Procuradoria -, pedindo que não se aceite o Requerimento do
Ver. Isaac Ainhorn e do Ver. Reginaldo Pujol. Essa é a Questão de Ordem, Sr.
Presidente.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Ex.ª já acolheu o Requerimento,
já apregoou o Requerimento. O Requerimento é legal e regimental. Nós estamos
requerendo que o Plenário da Casa decida e o Plenário na sua soberania poderá
decidir se não há nenhum óbice legal que impeça isso. Essa decisão obviamente
torna impossível qualquer outra nesse sentido, porque fica clara a vontade do
Plenário de não adiar a votação no dia de hoje.
O SR. RAUL
CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o entendimento deste Vereador é
que o art. 178 diz, claramente: “A votação poderá ser adiada a requerimento de
Vereador”, depois coloca as condições. Esse Requerimento que está na Mesa, que
eu gostaria de saber, se baseia em que artigo do Regimento, na verdade revoga o
art. 178, e nós sabemos que para revogar um artigo do Regimento deve haver um
projeto, esse projeto deve tramitar na Casa e tudo o mais. Porque se está
assegurado o art. 178, o adiamento, por requerimento, tem que se votar, se
existe o requerimento, se é por uma, duas, três, quatro ou cinco Sessões, mas
não existe guarida neste Regimento para o tipo de Requerimento existente, a não
ser que o nobre Vereador explique em qual artigo ele se baseia para fazer esse
Requerimento.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, os adiamentos são previstos num
dispositivo do Regimento, que prevê adiamentos de uma a cinco Sessões. É óbvio
que o regimento não prevê todos os casos possíveis de requerimentos, porque
teria de ser um Regimento com dimensão ilimitada. Então, Eu solicitei que neste
caso não haja adiamento. Se há permissão de adiamento, votando o não-adiamento
a contrário senso está estabelecido que neste caso não vai haver adiamento, e o
Plenário, como bem disse aqui o Ver. Reginaldo Pujol, é soberano; é ele quem
vai deliberar. Vai concordar que haja adiamento ou não. Se ele concordar que
não haja adiamento, automaticamente está superada a possibilidade de qualquer
adiamento, seja de uma, de duas, de três, de quatro ou de cinco Sessões. Isso
sim é desrespeito ao Plenário que suplantou todas as tentativas que se fez
aqui.
O SR. ESTILAC
XAVIER (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não pretendo abusar da paciência
do Presidente, que está ouvindo para tomar a sua decisão. Eu fundamento, de
novo, a Questão de Ordem no art. 178, recordando que no Direito Público só o
que está escrito é válido; no Direito Privado só não é permitido aquilo que a
lei expressamente veda, argumentando, Sr. Presidente, é válido esse
Requerimento para não permitir os requerimentos de adiamento, seria a mesma
coisa que requerer e permitir, por exemplo, que se eliminasse o direito das
Comunicações de Líder num período, porque uma maioria eventual não queira que
os líderes falassem naquele momento, feriria o Regimento. Continuo, então,
sustentando, Sr. Presidente, o não-aceite com base no art. 178.
O SR.
SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, de forma muito rápida e para
colaborar. Não logra êxito a manifestação do Ver. Isaac Ainhorn. A Casa tem um
regramento que é o seu Regimento. Ora, quando ele é omisso, o Plenário pode
deliberar. Agora, quando ele é expresso, não é uma proposição de um
requerimento que vai mudar. Existe um regramento, um colhimento de assinaturas,
um tantum de pauta para poder mudar o
Regimento, porque, se eu proceder desta forma, em toda e qualquer votação, eu
posso reverter o Regimento e encaminhar de acordo com o pedido do Vereador.
Então, para colaborar, não tem nenhuma fundamentação e, portanto, não deve ser
nem encaminhada a votação.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já foi dito que o Regimento não
poderia mostrar todas as eventuais possibilidades de tipos de requerimentos.
Mas o art. 94 é claro, preciso e conciso no seu caput: “Requerimento é a
proposição verbal ou escrita dirigida por Vereador à Mesa sobre matéria de
competência da Câmara.” O Plenário é soberano para decidir essa matéria que foi
proposta.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Entendo, sim, que cabe o Requerimento, porque o art.
178 é muito claro. O art. 178 não obriga que se transfira a votação. O que diz
o art. 178? (Lê.) “A votação ‘poderá’ ser adiada”. Na medida em que a votação
poderá ser adiada significa que uma maioria pode afirmar que não deverá ser
adiada. Por isso, esta Presidência acolhe o Requerimento e passa imediatamente
à votação.
O Ver. Estilac Xavier está com a palavra.
O SR. ESTILAC
XAVIER: Sr. Presidente, Recurso à decisão do Sr. Presidente. Vou ler e passar às
mãos de V. Ex.ª: “Sr. Presidente, os Vereadores que subscrevem,...” Começa
comigo como primeiro signatário. “... com fundamento no art. 194 do Regimento,
inconformados com a decisão de V. Ex.ª, mas respeitando-a, e que deu seguimento
ao Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn relativo à vedação do pedido de adiamento
da votação, recorrem da sua decisão ao Plenário, ouvida a Comissão de
Constituição e Justiça desta Casa, requerem, outrossim, Sr. Presidente, o
efeito suspensivo”. Por isso, pedimos deferimento.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Esta Presidência acolhe sem efeito suspensivo a
oitiva da Comissão de Constituição e Justiça.
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para
encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol.
O SR. MARCELO
DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu alerto
os trabalhadores do Sindicato do Comércio que temos com este Requerimento, se
for aprovado por este Plenário, contrário ao Regimento que veda que Vereadores
apresentem requerimentos. Anular um artigo do Regimento durante uma votação
dessa importância é motivo legal e suficiente para questionar a votação a
partir de agora.
No processo legislativo está previsto o direito
dentro do Plenário, Ver. Pedro Américo Leal, de requerimentos e de tantos
outros direitos que estão envolvidos. Pois, agora, nós temos um Requerimento
que anula outros requerimentos. Este Requerimento diz, na verdade, que nenhum
requerimento mais será aceito sobre adiamento de votação. Isso não existe, Ver.
Raul Carrion! Isso, simplesmente, desconhece totalmente um artigo.
Agora, às 22h38min, mais um movimento é feito, sem
o debate - registro de novo -, sem o debate, assumo esta tribuna mais de meia
hora que falei da última vez, sem o debate, e o Requerimento é apresentado para
negar requerimentos aos Vereadores. Mas a que ponto vamos chegar?
Isso já coloca uma marca nesta votação que o
Sindicato dos Trabalhadores no Comércio deve estar atento, que está aqui
acompanhando. Sabemos que, se aprovado isso, interfere diretamente na votação.
Se interfere diretamente na votação e no seu resultado, eles têm o legítimo
direito de questioná-lo na Justiça, porque um artigo do Regimento foi
simplesmente desconhecido, caso seja aprovado este Requerimento.
Nós estamos aqui para encaminhar contrário a este
Requerimento pelo respeito ao Regimento e apelamos aos Vereadores para que não
aprovem este Requerimento, porque ele abre um precedente, que a cada momento, e
não interessa momento, porque teremos novas legislaturas aqui e teremos outros
momentos em que a maioria pode ser diferente. E a maioria não pode estar acima
do Regimento nem da lei, Ver. Pedro Américo Leal. Para isso nós discutimos
leis, artigos de Regimento; para isso nós preservamos, não só a maioria, mas
também a minoria. E se tivesse a lei da maioria, a lei da maioria é tudo que a
maioria quer, e a minoria nunca tem vez, voz e direitos. Para isso há lei e há
Regimento a fim de garantir o direito das minorias também. Os seus direitos
devem estar garantidos pelo Regimento. Mas se nós fizemos isso, logo depois
vamos aprovar requerimentos que retiram direitos, que negam o Regimento por nós
mesmos votados e escolhidos. Eu acredito que a Câmara de Vereadores não
aprovará este Requerimento. A Bancada do Partido dos Trabalhadores encaminha
contrária a este Requerimento, até pelo absurdo em que ele se coloca: um
Requerimento que nega outros requerimentos, que veda a apresentação de
requerimento, que veda direitos aos Vereadores; que desconhece o artigo do
Regimento da Casa. Isso marca toda a votação desse processo e deste Projeto.
Nós temos que garantir aqui o respeito ao Regimento. Queremos discutir aqui com
os Vereadores se basta ter maioria, e tudo o que estiver no Regimento pode ser
alterado, conforme a maioria estabelecida. E se a maioria fosse ao contrário,
Ver. Ervino Besson? E nós desrespeitássemos o Regimento, a partir de um
requerimento que uma maioria vota, estabelecida. Eu penso que isso não é bom
para nenhum dos lados, nem dos que defendem a abertura do comércio aos
domingos, nem dos que são contrários. Porque teremos outros tempos, outros
momentos importantes nesta Câmara e essas maiorias podem estar trocadas. E,
aberto esse precedente, será aberto para sempre desconhecer o Regimento.
Então nós temos que garantir o Regimento e o artigo
que garante que cada Vereador tem direito a apresentar requerimentos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn e do Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou ler o art.
178, para o que peço ao Ver. João Antonio Dib, que é uma das pessoas que mais
conhece o Regimento, que nos ouça com atenção. O art. 178 diz o seguinte: (Lê.)
“A votação poderá ser adiada a requerimento de Vereador, aprovada pelo Plenário
por, no máximo, cinco Sessões Ordinárias consecutivas”. Portanto, uma Sessão,
duas Sessões, três Sessões, quatro Sessões, cinco Sessões - é o que diz. Além
do mais, o parágrafo único diz o seguinte: (Lê.) “Não cabe adiamento de votação
em caso de veto, proposição em regime de urgência, redação final, salvo quando
verificado erro formal ou substancial e requerimentos”. Portanto, o que está
sendo proposto aqui, e gostaria que os Vereadores lessem, porque ao argüir que
o Plenário é soberano, então não precisaríamos de Regimento. Ou seja, a cada
Sessão iniciaríamos e iríamos decidir qual dinâmica adotar. O Plenário é
soberano, sim, mas ele vai decidir em cima do Regimento, porque senão –
consulto, questiono e desafio – não haveria necessidade de Regimento. Portanto,
o que está sendo proposto aqui fere o Regimento, Ver. João Antonio Dib.
Gostaria que V. Ex.ª viesse aqui e nos colocasse ou talvez com seus argumentos,
que são sempre contundentes, claros, precisos e concisos, como V. Ex.ª costuma
dizer, talvez V. Ex.ª consiga me sensibilizar. Volto a dizer, se V. Ex.ª me
sensibilizar serei o primeiro a reconhecer que estava errado, e ocuparei esta
tribuna, dizendo: “Ver. Dib, eu realmente estava errado e peço desculpas a V.
Ex.ª”. Mas até agora nenhum Vereador me convenceu, fiz questão de ler o art.
178. Portanto, estamos ferindo o Regimento, porque ele nega outros
requerimentos. E o artigo é bem claro. Portanto, não podemos concordar com
isso. Nós temos de fazer essa discussão, porque, hoje, por incrível que pareça,
a cada situação, estão aparecendo fatos novos. Eu só imagino os Vereadores João
Antonio Dib e Pedro Américo Leal, Vereadores que estão há muitos anos na Casa,
devem também estar surpresos, porque, a cada situação, hoje é um dia diferente.
E não é por acaso que já estamos há quase nove horas em discussão. Inclusive,
estávamos, em tom de brincadeira, dizendo que, daqui a pouco, podemos ir para o
Guiness Book, porque a discussão que
estamos fazendo aqui está muito morosa, muito demorada. Mas eu tenho dúvida
quando começamos a dizer que o Plenário é soberano, que o Plenário tudo pode,
mas tudo pode sob a égide de um Regimento. O Regimento é o que norteia. Volto a
dizer, se nós entendemos que o Plenário é soberano para qualquer decisão, nós,
a cada Sessão, podemos deliberar como será a forma, ou seja, hoje vamos votar
assim, vamos votar diferente, e acredito que isso está abrindo um precedente
muito grave.
Portanto, eu gostaria que outros Vereadores, com
mais experiência do que eu, viessem aqui e dissessem que eu estou errado,
porque eu gostaria, talvez, de voltar e dizer que V. Ex.as realmente
têm razão. Mas, até agora, não consegui ver essa luz no fim do túnel. A Lei
Orgânica de Porto Alegre é bem clara. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. RAUL
CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PC do B encaminha
contrariamente por duas razões essenciais. A primeira, porque ela deseja adiar
a votação para que seja possível que a discussão de conteúdo do mérito do
Projeto se exerça, porque, até hoje, até este momento, no conteúdo, a maioria
dos Vereadores não se manifestou. Nós estamos aguardando quais as razões que
fazem alguns Vereadores que votaram ferrenhamente contra a abertura do comércio
todos os domingos, todos os feriados e todos os feriadões, repentinamente
mudaram de opinião. É uma surpresa nesta Casa, é um espanto na Cidade, e o
mínimo que se espera são argumentos, são razões, são motivos, e nós não
conseguimos saber os motivos, as razões que levam a isso. Existe um segundo
argumento para sermos contrários, é que está, Ver. João Antonio Dib, se rasgando
este Regimento, nesta noite, para votarmos de qualquer forma, atropelando esta
Casa, esta matéria. Digo o seguinte, já se atropelou a Casa ao impedir que
fosse apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ao impedir
que fosse apreciado pela CEFOR, ao impedir que fosse apreciado pela CUTHAB, ao
impedir que fosse apreciado pela CEDECONDH. Mas agora é mais grave, quer-se
fazer “tábula rasa” do Regimento desta Casa, e o povo vai perguntar amanhã:
“Mas por que isso?” Não quiseram levar para as Comissões, não quiseram adiar
nem por uma Sessão, e agora estão rasgando o Regimento, que motivos? E esses
motivos não aparecem, são motivos subterrâneos, por que não são colocados? E aí
eu vou fazer o que disse o Ver. Carlos Alberto Garcia, o que diz o art. 178?
(Lê.) “A votação poderá ser adiada por Requerimento de Vereador.” Eu pergunto
em que artigo está escrito: a votação poderá não ser adiada por Requerimento de
Vereador? Qual o artigo? Não existe. O art. 178 trata do adiamento, e o
Requerimento trata do não-adiamento, tem que haver algum artigo, assim como não
estão aparecendo as razões do açodamento, as razões do por quê mudaram os
votos? Também não aparece o maldito artigo. Eu desafio todos os Vereadores
desta Casa, a mostrarem um artigo que fundamente este Requerimento. E quero
dizer mais, o Regimento é claro quando diz as únicas condições em que não pode
ser adiada a votação. Ele vai ao detalhe de dizer quando não pode ser adiada, e
diz lá: veto não pode ser adiado, proposição e regime de urgência não podem ser
adiados, redação final não pode ser adiada e requerimento não pode ser adiado.
Fora essas quatro situações, o regimento não contempla nenhuma possibilidade.
Por isso, Ver. Paulo Brum, que dirige os trabalhos
a Bancada do PC do B se rebela contra esse Requerimento anti-regimental. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Srs. Vereadores, passo a direção dos trabalhos ao
Ver. José Fortunati.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Marcelo
Danéris, o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn e do Ver. Reginaldo Pujol. (Após
apuração nominal.) APROVADO o
Requerimento por 16 votos SIM, 13
votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com
aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 1574/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
089/02, de autoria do Ver. Haroldo de
Souza, que autoriza o funcionamento
do comércio aos domingos e feriados. Com
Emenda nº 01.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o PLL n.º 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza. O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar.
O SR. ESTILAC
XAVIER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, faltam quatro minutos para as 23
horas de quarta-feira, dia 29. Chegamos a um extremo nesta Casa, hoje, depois
de termos sido comunicados que, independente da nossa vontade, iria ser votada,
sim, hoje, a desregulamentação da abertura do comércio. TVCâmara, Vereadores,
público, Diretores da CAPA, do Sindicato observaram aqui cada um dos
procedimentos. Extenuamos ao extremo, para que não se vote uma matéria dessa
importância, com as implicações sociais que tem. Faço uma pergunta, Ver. Pedro
Américo Leal, conheço a opinião de mérito sobre o assunto, V. Ex.ª não se
manifestou hoje. Por que o Ver. Pedro Américo Leal não se manifestou hoje? O
que houve? Uma matéria que, no mérito, eu conheço a opinião do Ver. Pedro
Américo Leal, e nós não estamos mexendo, porque temos respeito por ele, assim
como temos por todos os demais Vereadores. Agora, o que aconteceu aqui não fica
circunscrito à Câmara de Vereadores, e gostaria de saber, Vereador, a posição
nacional do seu Partido sobre isso. Eu gostaria de ouvir o Governador Leonel
Brizola, como gostaria muito de ouvir o Deputado Vieira da Cunha - como
certamente iremos ouvir -, a base do seu Partido. Olhem a posição do Ver. Nereu
D’Avila. Nós estamos aqui lidando com o direito de pessoas. Não é correto! Não
é certo! Nós estamos desequilibrando a balança, já desequilibrada, do
trabalhador frente àquele que detém o poder do seu emprego, do seu salário!
Para quê? Numa véspera de feriado, os Vereadores, amanhã, poderão, muitos,
dormir até o meio-dia, talvez fazer jogging,
mas os comerciários não. Não farão mais isso depois desta votação. Os
comerciários terão de trabalhar. Estamos tirando direitos. A Câmara sempre foi
equilibrada nisso. A Câmara foi ponderada quando disse: este problema é de
negociação; não há lei que determine por que o mais forte tem que ser, ainda,
legalmente constituído como o mais forte numa relação trabalhista! Quem detém o
poder de emprego numa época de crise? E nós, Ver.ª Clênia Maranhão, que sabemos
quanto é difícil sustentar família, sabemos quão difícil é manter o trabalho e
quão caros são os momentos de lazer, inclusive os que nós podemos dedicar às
nossas famílias. Alguns dizem: “Mas podem reunir com a família”. Não, não
podem, porque é um sistema, envolve férias, envolve o lazer das escolas, das
pessoas. Todo o sistema está montado para o fim de semana. Agora uma parte da
família não, porque ela sai, ela é deslocada. Nós estamos sendo injustos aqui!
Incorretos! Não é moral o que está sendo feito! Nós estamos atropelando! Existe
uma maioria que decidiu que vai votar e vai votar! Mas apelados pelo quê? Por
um Requerimento de Urgência, cujo autor está no outro lado do mundo, e lá,
neste momento, são 11 horas da manhã, porque estamos num fuso a 24 horas
daquele. É errado, nós não devemos aprovar este Projeto. Vai ter repercussão
social, sim. A base dos trabalhadores, os pequenos e médios empresários, que
são os grandes fomentadores de emprego, que regulam a massa de trabalho e
postos de trabalhos, e os familiares dos setenta mil comerciários que, se por
alto fizermos uma conta, são mais de duzentas mil pessoas, entre esposo,
esposas e filhos, essas pessoas é que estão sob a égide desta Lei que vai ser
feita. Mas como pode? “Ah! Estamos aqui protegidos pelas quatro paredes!”
Talvez... É meia-noite... Não, todo mundo saberá, sim. Não estamos fazendo isso
por ameaça, mas, sim, porque isso é preciso ser dito. Isso é uma questão
pública, de interesse público e que nós, de forma legítima, vimos, aqui,
sustentar. Não. Na outra oportunidade, o próprio Dom Dadeus Grings interferiu
para que não houvesse esse procedimento. Por quê? Todos sabemos que o que se
está fazendo aqui não é correto.
Volto a perguntar, para concluir, Sr. Presidente,
por que o nobre colega, ilustre Ver. Pedro Américo Leal não se pronunciou hoje?
Eu sei o motivo, Vereador, eu sei o motivo. Pela rejeição do Projeto. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Indago se algum dos Srs. Vereadores ou Sr.as
Vereadoras não recebeu a orientação para a votação? (Pausa.)
O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar o PLL n.º 089/02.
O SR. RAUL
CARRION: Ex.mo Sr. Ver. José Fortunati, que preside os trabalhos,
demais Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste, aqui e em suas casas. A
voz já quase me falta, Ver. João Antonio Dib, mas eu lhe assegurei que, nem que
seja com esforço sobre-humano, nós, até o final desta Sessão, teremos voz
suficiente para denunciar o golpe que está sendo feito contra os direitos dos
trabalhadores nesta Casa! Quero dizer que muitas Bancadas estão divididas e
essa divisão é clara: de um lado, os que votam com os trabalhadores! De outro
lado, os que votam com o capital! É essa a linha divisória que nós temos, hoje,
aqui, e nós temos lado! Nós estamos do lado dos trabalhadores, estaremos até o
fim e não mudamos de posição da noite para o dia! Quero dizer que o que está em
discussão, neste momento, é o art. 1.º e vejam a diferença entre a Lei atual e
o art. 1.º desse projeto neoliberal. O que diz a lei atual? Ela diz o seguinte:
“Fica proibido no âmbito do Município de Porto Alegre o funcionamento do
comércio nos domingos e feriados, exceto os constantes da relação anexa ao art.
7º, Decreto Federal nº 27.048”. O art. 7º, de 1949, Ver. Ervino Besson, Ver. Humberto
Goulart, é do Governo Getúlio Vargas, é do seu Partido. O que diz o seu líder
Getúlio Vargas? O senhor, que tantas vezes aqui desta tribuna relembra, é isso
que está sendo jogado fora. Podem abrir, por exemplo, varejistas de peixe,
varejistas de carne fresca e caça, pão e biscoitos, Ver. Ervino Besson,
varejistas de aves e ovos, frutas e verduras, produtos farmacêuticos, flores e
coroas, entrepostos de combustíveis, feiras livres e mercados, comércio de
artigos regionais nas estâncias hidrominerais, comércio em postos, aeroportos,
estradas, estações rodoviárias, ferroviárias, comercio em hotéis, comércio em
postos de combustíveis, comércio em feiras de exposições. Tudo isso a lei atual
permite, mas a Lei atual ainda permite os estabelecimentos operados diretamente
pelos sócios e familiares até primeiro grau. A Lei ainda permite mais: permite
a livre negociação, que em tese poderia abrir nos cinqüenta e dois domingos,
mas negociem, Ver. Roque Jacoby, não imponham, negociem!
Ver. Reginaldo Pujol, o senhor é um liberal,
defende a livre negociação e agora quer retirar. Pois bem, apesar da Lei ser
tão ampla no aspecto que permite abrir, querem substituí-la por uma lei que diz
o seguinte: “Fica autorizado o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.”
Ou seja, como já foi dito aqui, é o voto a favor do capital, o patrão mandará
abrir todos os domingos e comerciário terá que se submeter. É isso, Ver. Dr.
Goulart, que está sendo votado. Não se enganem, é isso, Ver. Ervino Besson, que
está sendo votado; portanto, a Bancada do PC do B encaminha contrário,
totalmente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o PLL n.º 089/02.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs.
Vereadores, hoje tivemos já a oportunidade de discutir e encaminhar essa
matéria pelo menos umas cinco ou seis vezes. Mas daqui a uns tempos nós veremos
a repercussão disso. Eu não tenho dúvida de que daqui a alguns meses, caso seja
aprovada a abertura do comércio domingos e feriados, nós vamos ver aqui
centenas de comerciários desempregados, porque muitos, se não se submeterem à
vontade vertical que vai dizer “tu vais trabalhar domingo, tu vais trabalhar no
feriado”, serão demitidos de seus postos de trabalho, e aí é interessante,
depois nas diversas Comissões, nós fazermos uma discussão aqui, e analisarmos e
vermos como essas pessoas serão recolocadas. Eu volto a dizer: é inadmissível
querer igualar um domingo ou um feriado com um outro dia na semana. Entendemos
que têm que ser, sim, compensações financeiras diferenciadas. E eu volto a
dizer por que os supermercadistas acordaram com seus funcionários o pagamento
de 23 reais para os seus funcionários. E quanto pagam, Ver. João Antonio Dib,
os demais lojistas? Doze, não é vinte e seis. Justamente, o grande problema que
deu é que os lojistas não quiseram fazer o mesmo acordo dos supermercados, é
por isso que não chegaram a um denominador. Inclusive, a classe patronal tem vontade
diferenciada em todos os segmentos, seja dos lojistas, seja dos supermercados.
Nesta semana, recebemos aqui a Associação da Nova
Azenha, composta na sua maioria, ou na grande maioria, de pequenos comerciantes
que colocaram posição contrária e são empresários. Então, temos que ver essa
situação com muita calma, porque, certamente, aquelas pessoas que não acolherem
serão demitidas. Não vi, até agora, alguém dizer que vai aumentar o número de
empregos, mas, se o Projeto for aprovado, ainda terão tempo de resgatar parte
da questão com uma Emenda minha e do Ver. Luiz Braz, que assegura um aumento de
20% de postos de trabalho, que é uma das formas, que sempre dissemos, de
aumentar emprego, o que grande parte da população trabalhadora não tem.
Se é para compensar com um acréscimo, com um valor
diferenciado de um domingo por um dia de semana, somos favoráveis. Agora, não
somos favoráveis a um tipo de trabalho que nivela, e nivela por baixo. Com isso
não podemos compactuar. Então, mais uma vez, solicitamos aos nobres pares que
façam essa reflexão, embora cada um já tenha o seu voto definido. Hoje, já
tivemos a oportunidade de dialogar inúmeras vezes sobre o mesmo tema, sobre o
mesmo assunto. Eu só não gostaria que aqui, um dia, na Tribuna Popular, viessem
representantes do Sindicato dos Comerciários dizer que grande parte de seus
funcionários foi demitida, ou talvez apresentar uma emenda que garanta o
emprego dessas pessoas pelo menos por doze meses, para ver como vai ser o
comportamento. São situações, sim, que queremos discutir. Portanto, em nome do
nosso Partido, o Partido Socialista Brasileiro, encaminhamos contrariamente a
este Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
encaminhar o PLL n.º 089/02.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cumpre-me, neste
momento, informar à Casa, pedir que se registre nos Anais que o Partido da
Frente Liberal, por intermédio de seus órgãos executivos, determinou a seus
representados nesta Casa que votem favoravelmente a este Projeto de Lei, e o
façam coerentes com o programa partidário, e o façam de acordo com a orientação
do Partido, comprometido, inclusive publicamente, por intermédio do nosso
Presidente Regional, Deputado Germano Bonow, que, como candidato a Prefeito,
colocou claramente na sua plataforma o compromisso com a liberdade do comércio.
Então, na condição de Presidente do Diretório Municipal do Partido, pedi vênia
à minha Liderança, o Ver. Luiz Braz, esse competente Vereador, para
publicamente fazer esta referência, e, com o devido respeito ao Ver. Luiz Braz,
cobrar o respeito à disciplina partidária, de vez que esta foi a determinação
que recebi dos demais companheiros, que claramente têm convicção a respeito da
nossa posição doutrinária a favor da liberdade do comércio, que está em jogo
neste momento. Porque nós não estamos obrigando ninguém a abrir o seu
estabelecimento comercial, estamos facultando às pessoas abrirem ou não os seus
estabelecimentos comerciais, ensejando ao consumidor o direito de comprar aos
domingos, como ocorre em Canoas, Gravataí, Caxias, Novo Hamburgo, Gramado,
Canela e na quase totalidade das capitais brasileiras, e eu tenho a viva
convicção de que isso poderá ocorrer na cidade de Porto Alegre.
Por isso, deixo claro, Ver. Luiz Braz, com o maior
respeito e carinho que tenho por V. Ex.ª, que essa é a orientação partidária.
V. Ex.ª vai decidir se vai ou não seguir a orientação do seu Partido, o Partido
que lhe acolheu e que lhe colocou na Liderança nesta Casa, e que, agora, lhe
diz, com toda clareza: a doutrina partidária é pela liberdade do comércio.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, este Líder da Bancada do PFL sente-se constrangido com a
comunicação feita da tribuna pelo companheiro que muito respeito e que foi um
dos motivos principais da minha vinda para o PFL. Sinto-me, neste momento, sem
nenhuma condição de reação, dada a comunicação que fez o Ver. Reginaldo Pujol
da tribuna. Peço vênia a todos os companheiros que estão no Plenário,
companheiros de luta com os quais privei durante muito tempo, e vou-me retirar
do Plenário, para não votar de acordo com a orientação do meu líder.
O SR. PRESIDENTE
(José Fortunati): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para
encaminhar o PLL n.º 089/02, pelo PDT.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa Bancada tem a questão da
abertura do comércio aos domingos como uma questão aberta neste momento, e
considerando...
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito às galerias que mantenham silêncio, por
favor.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, apenas para dizer que a nossa Bancada tem uma questão
aberta sobre a questão da liberdade do comércio. Entendemos que a preservação
da faculdade de abrir aos domingos deve preservar também os direitos sociais e
trabalhistas, razão pela qual este é o encaminhamento que fazemos em nome da
Bancada do PDT: cada Vereador votando individualmente, de acordo com o seu
pensamento e a sua consciência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação o art. 1.º do PLL n.º 089/02.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, consulto a V. Ex.ª se poderíamos
encaminhar apenas no momento do destaque ou podemos encaminhar agora.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Não, somente no momento do destaque, porque o
encaminhamento é sobre o art. 1.º. Por isso que indaguei se as Sr.as
Vereadoras e os Srs. Vereadores já haviam recebido os esclarecimentos feitos
pela Diretoria Legislativa.
Em votação nominal o art. 1.º do PLL n.º 089/02.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 16 votos SIM, 12 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em votação o destaque à expressão: “aos domingos e
feriados”, do art. 1.º do PLL n.º 089/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste. O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr. Presidente Ver. José Fortunati, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, a Câmara Municipal de Porto Alegre vive um momento nervoso, tenso e
um momento extremamente triste, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que é
referência em nível nacional com uma série de matérias de proteção aos
trabalhadores, em defesa do consumidor. Temos aqui a Ver.ª Clênia Maranhão, que
tem, ao longo de todos os seus mandatos, se esforçado na defesa do consumidor.
A Câmara Municipal de Vereadores decide retirar direito dos trabalhadores, faz
isso à socapa, sem transparência e na calada da noite, quase à meia-noite, na
véspera de um feriado, sob a hegemonia de dois ou três Vereadores que não sei
por que interesses fizeram tanto esforço para que essa matéria fosse hoje
apreciada. Eu reconheceria, sim, o direito de qualquer um dos trinta e três
Vereadores, tendo motivos suficientes para mudar de posição, que viesse aqui
fazer o debate. Mas não há motivo para fazer essa alteração, os trabalhadores
cada vez mais perdem os seus direitos. Os ricos cada vez estão mais ricos e os
pobres cada vez mais pobres. Os trabalhadores cada vez têm menos direitos e o
Poder Legislativo, demonstrando escárnio, desrespeito com os trabalhadores, com
desculpas esfarrapadas, Ver. João Antonio Dib, com desculpas que não têm
sustentação na vida real, na vida daqueles que têm no dia-a-dia que suar muito
para ganhar um mísero salário, e agora queremos tirar os seus empregos,
queremos tirar os seus descansos, por que interesses? Será que os trabalhadores
têm dúvida dos interesses que estão em jogo? Será que é essa posição
majoritária da Câmara de Vereadores? É com uma base de análise, é para criar
emprego, é para o desenvolvimento econômico, é para o bem da Cidade ou é para
outras razões? Ou é para benefício particular? A quem se dirige essa decisão?
Essa decisão não é uma decisão para a Cidade, mas uma decisão para interesses
privados; uma decisão que favorece os grandes. Mas ainda há possibilidade, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, de redimirem-se.
Estamos próximos da meia-noite e de um feriado que, possivelmente, no próximo ano, não será feriado para os comerciários, basta aceitarem este destaque de autoria deste Vereador e que tem o apoio de outros Vereadores. Ver. João Bosco Vaz - que adentra neste Plenário e que é um homem honrado e digno, um homem que tem coluna vertebral, que não tem dobradiça na coluna vertebral e que não se submete a interesses -, a Câmara de Vereadores tem, neste momento, a possibilidade histórica de se redimir, de dizer a esta Cidade que a respeita, de dizer a esta Cidade que os seus trabalhadores são importantes, Ver. João Bosco Vaz, a quem saúdo neste momento.
Ver. Roque Jacoby, ainda é possível, ainda há
possibilidades de redenção. Esta Câmara ainda pode evitar o desgaste que terá a
partir de amanhã em toda a Cidade, basta que aceite esse destaque e consiga
ainda na undécima hora, Ver. João Antonio Dib, não fazer esse escárnio sem
Parecer, quase à meia-noite, na véspera de um feriado, sem que tenhamos
recebido uma agenda de votação, sem que soubéssemos, hoje, pela manhã, que
iríamos votar este Projeto.
Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª é uma daquelas
pessoas que ficaram marcadas no tempo pela honradez, pela sensatez e pela
seriedade. V. Ex.ª tem-se portado, como sempre, muito bem, abstendo-se. Mas eu
convoco V. Ex.ª para este destaque, porque este destaque é a redenção desta
Câmara de Vereadores, porque, do contrário, ela adentrará em um espaço de
desgaste talvez nunca visto na história desta Cidade.
Um abraço, Ver. João Bosco Vaz, seja bem-vindo, a
sua chegada é uma brisa de democracia, uma brisa de seriedade a esta Casa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o destaque à expressão: “aos domingos e feriados”, do art. 1.º
do PLL n.º 089/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, são 23h28min, e os acontecimentos nesta Casa estão se sucedendo,
minuto a minuto. E quero saudar a presença, porque há dois minutos reassume os
seus trabalhos, o Ver. João Bosco Vaz, que, por si só alguma coisa já vai mudar
com a votação. Ver. João Bosco Vaz, é importante V. Ex.ª ouvir um pouquinho o
que está sendo votado relativo ao destaque. Está sendo votado o destaque ao
termo aqui: “aos domingos e feriados”. E prestem bem atenção, se nós votarmos a
favor, vai permanecer “domingos e feriados”, mas ainda existe uma
possibilidade. Caso os Vereadores votarem “pela retirada”, ficam prejudicadas
as demais votações. Portanto, é muito importante que os senhores e as senhoras saibam:
este destaque pode mudar todo o Projeto, relativo aos domingos e feriados. Isso
vai nos garantir, em uma renovação de votação, vai acontecer o quê? Vai
continuar a legislação atual. Portanto, é muito importante que nós, neste
momento, retiremos “domingos e feriados”. Ouvimos dizer que o Governador,
Presidente Nacional do Partido Democrático Trabalhista, fez alguns contatos. E,
conhecendo Leonel de Moura Brizola como se conhece, eu penso que vai haver
alterações nessa Bancada. Penso que vai haver surpresas, e, talvez, domingos e
feriados, eu volto a dizer que aquilo que foi votado não está definido. E nós
temos agora a chance de voltar.
(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)
Com muito orgulho, Ver. Isaac Ainhorn, eu aceito a
sua provocação. O Garotinho, realmente, é o nosso candidato; hoje está em
segundo lugar nas pesquisas nacionais. Mas eu conheço a garra do seu mestre,
Leonel Brizola, que determinou, e acredito que é importante resgatar a origem
do trabalhismo, porque tem uma vinculação. Grande parte desse Sindicato foi
constituído pela questão do trabalhismo. Essa discussão temos de fazer agora; é
o momento de decidir item por item, destaque por destaque, porque pode ser
alterado. E aí, sim, aquilo que foi falado hoje, sobre a vitória de Pirro, pode
ser que aquela vitória seja a derrota futura para a grande batalha de ficar a
lei como está, e fazer com que esses trabalhadores que hoje saíram dos seus
serviços hoje na sua grande maioria. Imagino a pressão de cada um desses
trabalhadores que estavam nos seus locais de trabalho e receberam uma
informação de que teriam de correr para a Câmara, porque o Projeto seria
votado. Estão aqui até agora porque se preocupam com o seu futuro, e nós
estamos decidindo isso. Portanto, aumenta em muito a nossa responsabilidade.
Mas como eu sei dessa responsabilidade, existe a questão de mudança, e aqui
está lançado que cada Vereador assuma esta tribuna e diga por que quer votar.
Nós, em nome do Partido Socialista Brasileiro,
apostamos na alteração desse destaque: “aos domingos e feriados”, porque temos
a condição de reverter o que foi votado anteriormente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar o destaque.
O SR. RAUL
CARRION: Ex.mo Ver. José Fortunati que dirige esses trabalhos, demais
Vereadoras e Vereadores. Aproximamo-nos da meia-noite, mas creio que a batalha
segue, e aqueles que defendem o lado dos trabalhadores perseveram e serão
vitoriosos. A votação desse destaque permite reverter a votação anterior,
porque se aprovarmos esse destaque, Ver. Humberto Goulart, Ver. Ervino Besson,
o art. 1º ficará da seguinte forma: “Fica autorizado o funcionamento do
comércio”. Tudo bem, porque corta fora os domingos e os feriados. Então, essa
votação é tão importante como a votação anterior, e parece que ao aproximar-se
da meia-noite, há possibilidade dessa votação ser vitoriosa.
Queria
dizer que estamos estarrecidos com o que está acontecendo na noite de hoje,
contra todas as normas da Casa, atropelando o Regimento, tenta-se enfiar goela
abaixo a votação na calada da noite para destruir os direitos dos comerciários
desta Cidade. Mas quero dizer que mesmo que por um infortúnio consigam os
defensores do capital derrotar nessa noite os defensores do trabalho, este
Projeto ou será renovada a votação e com outra correlação de forças, ou então
será, certamente, vetado e voltará para esta Casa, e os eventuais vitoriosos de
hoje amargarão uma derrota histórica nesta Casa, fora o desgaste político,
porque estaremos nas praças, nas ruas, nos comércios, nas rádios, na tribuna
denunciando esse ataque aos direitos das comerciárias e dos comerciários. Por
isso fazemos um último apelo àqueles Vereadores que estão sendo constrangidos a
votar contra os comerciários. Um exemplo, é o Ver. Luiz Braz, Líder do seu
Partido, e que foi comunicado por um membro da sua Bancada que teria de votar
contra a sua consciência, que Partido liberal é esse que não respeita a
consciência do seu Líder; e outros constrangimentos nós observamos nesta Casa,
mas certamente prevalecerá o interesse da Cidade e o interesse da já sofrida,
sacrificada, martirizada categoria comerciária.
Por
isso, encaminhamos, a Liderança do PC do B, favoravelmente a retirada da
expressão “aos domingos e feriados” no art. 1.º. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para
encaminhar o destaque.
O SR. JOÃO
BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, primeiro,
quero comunicar aos companheiros Vereadores e ao público que nos assiste sobre
a minha ausência nesta Casa ontem e hoje. Eu deveria ter-me licenciado na
segunda-feira e não o fiz porque o Ver. Luiz Braz e este Vereador tínhamos uma
homenagem ao Teresópolis Tênis Clube. Eu me licenciei ontem e hoje para fazer
um check-up e desde as 8h da noite
estou sendo contatado pelo Presidente do nosso Partido, Dep. Vieira da Cunha.
Como obtive uma melhora, dei uma reagida, eu não poderia deixar de estar
presente para defender a causa dos trabalhadores.
Quero dizer que nossa Bancada não tem uma posição
fechada, Sr. Presidente, porque, na realidade, não nos reunimos para discutir
esse assunto, nem pensávamos que esse assunto pudesse ser votado agora em razão
de que o autor desse Projeto viajou para a Copa, na segunda-feira.
Quero dizer que, no ano passado, quando discutíamos
o Projeto do IPTU Progressivo, eu entendia, isoladamente, na minha Bancada, que
deveria ser favorável a esse Projeto, e a minha Bancada e o Partido me
enquadraram que eu deveria votar contra. Eu, como sou homem que defendo o
Partido, me enquadrei no Partido, só que agora é uma posição pessoal minha.
Todos sabem aqui o que eu penso sobre a abertura do comércio aos domingos. Acho
e entendo e penso que o comércio pode abrir, desde que mantenha a negociação
com o Sindicato. Acho que o comércio pode abrir, desde que os funcionários
recebam o que de direito para trabalhar.
Portanto, com alguma dificuldade venho aqui, mas
venho em nome da minha posição, que sempre deixei muito clara aqui. Eu não sou
contrário à abertura do comércio aos domingos, mas também não sou favorável a
que seja uma coisa unilateral, que seja uma coisa que sirva apenas para
determinado segmento.
Vou repetir também o que eu já disse outra vez aqui
- e os próprios Vereadores que são favoráveis a esse Projeto sabem, Sr.
Presidente - : os próprios empresários não se entendem. Enquanto o shopping quer abrir, o Sr. Alécio
Ughini, que já foi Presidente da CDL, não quer abrir. Enquanto outro shopping quer abrir, a Associação Nova
Azenha não quer abrir.
Então, essa é uma posição pessoal, não falo em nome
da minha Bancada, porque há posições divergentes, nós vamos respeitar essas
posições, mas eu não poderia em momento algum deixar transitar em julgado que
eu pudesse estar compactuando com alguma coisa ou com outra coisa. Estou aqui
presente para deixar bem clara essa minha situação. Não fugi da raia, muito
pelo contrário, saí da cama e vim aqui para prestar este depoimento. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para
encaminhar o destaque à expressão “aos domingos e feriados”, constante no art.
1.º do PLL n.º 089/02.
O SR. MARCELO
DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, a Bancada
do PT quer saudar a posição do Ver. João Bosco Vaz, quer saudar a sua presença
aqui e o que foi dito nesta tribuna, e, ao mesmo tempo, queremos fazer um
apelo, em nome da democracia, para que o Ver. Luiz Braz volte ao Plenário e
garanta aqui o seu direito ao voto, que esteja presente na luta que esse Ver.
Luiz Braz fez em defesa dos trabalhadores. Queremos fazer um apelo: assim como
o Ver. João Bosco Vaz esteve nesta tribuna há pouco para expressar a sua disposição
do voto, queremos, com o respeito que temos pelo Ver. Luiz Braz, e o
reconhecimento da sua caminhada em defesa da não-abertura do comércio aos
domingos, que ele esteja aqui neste Plenário.
(Tumulto nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Eu solicito a compreensão dos senhores que nos
visitam para que nós possamos dar andamento aos trabalhos.
Como Presidente desta Casa, vou fazer o possível,
como estou fazendo até o momento, para que esta Sessão seja concluída.
Solicito a compreensão de todos vocês que nos dão a
honra da presença neste momento.
Com a palavra, o Ver. Marcelo Danéris.
O SR. MARCELO
DANÉRIS: O que está em votação hoje é extremamente importante para a cidade de
Porto Alegre para ser votado assim, faltando 15 minutos para a meia noite. A
responsabilidade de cada Vereador tem que estar expressa no seu voto que
respeita o debate e a democracia. Nós queremos garantir aqui um direito básico,
que é o direito de o trabalhador sentar à mesa em igualdade de condições com os
patrões para negociar a abertura do comércio aos domingos, Ver. Dr. Goulart.
Nós queremos garantir aqui, Ver. Dr. Goulart, que os trabalhadores tenham
dignidade para sentar à mesa e colocar as suas reivindicações. Nós queremos
garantir aqui que essa mesma Lei preserve pequenos e médios comerciantes. Nós
queremos garantir aqui que o comércio de bairro de Porto Alegre não seja
totalmente aniquilado pelos grandes comércios concentrados nos shoppings. Todo esse debate tão
importante para a cidade de Porto Alegre não pode ser votado quando estão
faltando 10 minutos para a meia noite. Esse movimento, esse método de fazer o
debate não é democrático, não garante a participação da população, não garante
o contraditório, não garante o debate desta tribuna. Nós queremos chamar cada
um dos Vereadores e Vereadoras desta Casa para que neste momento de reflexão
não dêem um voto que vá condenar os trabalhadores a trabalharem sem direito a
folga, sem direito a prêmio e sem direito, inclusive, de colocar as suas
reivindicações na negociação com os patrões.
(Tumulto nas galerias.)
O SR. MARCELO
DANÉRIS: Sr. Presidente, a manifestação das galerias demonstra que esta Casa,
esta Câmara, neste Plenário, não tem condições hoje de votar um Projeto
contrário ao interesse da população. Não podemos admitir que numa votação
destas Vereadores sejam constrangidos a se retirar do Plenário. Não podemos
permitir que numa votação tão importante como esta, às dez para a meia-noite,
seja recusada à população de Porto Alegre a participação, a representação dos
trabalhadores, a representação do médio e do pequeno empresário, a
representação do comércio de bairro. Nós não podemos acreditar que os
Vereadores nesta Casa votarão contra o interesse de toda essa população sem
garantir o direito ao debate!
Nós queremos, Ver. Isaac Ainhorn - que se recusou a
fazer o debate aqui - o direito a que essa população se manifeste, o direito a
que os pequenos e médios se manifestem, e que não seja condenado o futuro desta
Cidade numa votação feita à meia-noite, o que, certamente, não honra a história
da Câmara de Vereadores, não honra a história de muitos dos Vereadores que
estão aqui, e não honra a história de votações que já tivemos ao longo desses
anos.
Concluindo, Sr. Presidente, nós fazemos, aqui, um
apelo a todos os Vereadores para que votem contrariamente a essa proposição, e
que, portanto, votem pelo destaque, retirando “aos domingos e feriados” do art.
1º. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação a expressão destacada “aos domingos e
feriados” do art. 1.º do PLL n.º 089/02. Quem vota “sim” mantém no texto a
expressão “aos domingos e feriados”; quem vota “não” retira do texto a
expressão “aos domingos e feriados” do texto. Em votação. (Pausa.) (Após a apuração
nominal) APROVADA por 16 votos SIM e 13 votos NÃO.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, este Vereador foi quem redigiu, inclusive para a Bancada, os
vários destaques e os fiz e, ao mesmo tempo, as expressões “domingos” e
“feriados”, que são o segundo e o terceiro destaques a serem apreciados. Então,
estou requerendo a V. Ex.ª que venhamos a apreciar, inicialmente, porque não há
uma priorização, a expressão “feriados”. É o requerimento, Sr. Presidente:
primeiro apreciarmos o destaque à palavra “feriados”. Os destaques foram feitos
concomitantemente, então esse é o nosso Requerimento. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Esta Presidência acata a inversão da votação, na
medida em que recebeu, realmente, o primeiro Requerimento com “feriados”, e o
segundo Requerimento como “domingos”.
Em votação o destaque à expressão “feriados”, do
art. 1º do PLL n.º 089/02. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
encaminhar.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, colegas
Vereadoras e colegas Vereadores, especialmente os comerciários e pequenos e
médios comerciantes que nos honram com suas presenças. Diria para todos os que
estão aqui e àqueles que estão nos assistindo: vocês sabem que tenho sido um
dos Vereadores mais cobradores desta tribuna em relação ao Governo Municipal. E
alguém há de dizer: mas o Ver. Sebastião Melo, que é um Vereador de oposição,
hoje está aqui do lado da Bancada do Governo, defendendo com todo o fervor a
não-desregulamentação. E faço isso com muita tranqüilidade, Ver. Estilac
Xavier. Aqui quero fazer uma ressalva, porque nós, lá atrás, quando do Veto, o
PMDB se reuniu para debater sobre essa matéria, quando ainda tínhamos três
Vereadores. E lá, no amplo debate do diretório metropolitano, a Bancada, com
voto contrário deste Vereador, que queria que se fechasse a questão, liberou
para votar essa matéria. Então, temos posições diferentes, respeitosas,
respaldadas pela questão partidária.
Agora, quero ressalvar algumas coisas, porque
acredito que esta Sessão vai balizar o encaminhamento desta Casa. Estou aqui há
um ano e meio e nunca vi tanta bravura de tanta gente que não quis prorrogar a
Sessão, que muitas vezes não participou da Sessão como um todo, e que hoje vem
com essa bravura para votar essa matéria de afogadilho. Eu nunca vi isso em um
ano e meio, e isso tem que balizar as nossas relações.
Eu vejo aqui, por exemplo, um decreto da água que
tem 60 dias, que deu aumento da água e que é de Vereador de oposição e a
oposição não bota para votar; eu vejo consulta à Comissão de Constituição de
Justiça para defender os direitos dos trabalhadores e a oposição não bota para
votar, mas esta é a realidade que nós vivenciamos. Eu quero voltar a dizer que
não vamos fazer política em cima de dogmas, alguns dizem que liberdade de
comércio é abrir o comércio aos domingos; isso é uma grande besteira, liberdade
de comércio é uma outra questão. Liberdade de comércio é aqueles que são donos
do shopping, eles só querem liberdade
de comércio para eles, eles querem impor a regra como eles querem. A
desregulamentação do comércio é outra questão. A Lei que ora está aí não proíbe
o funcionamento: ela estabelece condições numa sociedade democrática que
ajudamos a construir, e a Constituição de 88, a Constituição cidadã, estabeleceu
freios e contrafreios. Nós não podemos tratar de uma matéria dessa magnitude
empurrando goela abaixo, deixando que os poderosos do capital imponham as
regras do jogo como eles querem. Não, os comerciários, por outro lado, são
trabalhadores que merecem de nós o maior respeito pela sua luta e trajetória.
Essa categoria é uma categoria que presta relevantes serviços a esta Cidade.
Essa categoria, Sr. Presidente, quer só um direito, ela quer ser ouvida, os
pequenos comerciantes querem ser ouvidos, querem que se faça aqui um seminário,
um debate e que venham aqui dentro os donos dos shopping defender seus interesses, que são legítimos. Quero que
eles venham aqui debater. O que nós estamos pedindo, o que pedimos a tarde toda
é que esse debate fosse estabelecido. Mas esse debate foi sonegado. Mas, como
se diz, “as abóboras se acomodam com o andar da carruagem”, teremos dias
difíceis e tempestades nesta Casa, porque, hoje, aqueles que estão
encaminhando, amanhã ou depois vão ter dificuldades de sustentar, nesta
tribuna, muitas posições políticas das quais seremos cobradores contumazes.
Por isso, a caminhada continua, podemos até perder
essa batalha hoje, mas não vamos perder a guerra, porque vamos para a renovação
de votação. E, na renovação, o cenário será outro, a sociedade estará
mobilizada, este Plenário estará cheio e se fará presente na defesa de seus
interesses. Por isso, Sr. Presidente, a luta e a caminhada continua. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Consulto V. Ex.ª sobre a seguinte questão fática:
as Sessões Plenárias são realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras,
portanto, em dias úteis. A partir da meia-noite, vamos entrar em um feriado. A
consulta que fazemos, em nome da Bancada do PT e de outros Vereadores é se nós
podemos continuar a Sessão a partir do momento que ingressamos num feriado.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Juarez Pinheiro, enquanto concedo a palavra,
faço as consultas devidas.
A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para
encaminhar o destaque à expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL n.º
089/02.
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, trabalhadores do comércio, empresários,
cidadãos que estão nos ouvindo, este é um momento de profunda reflexão, e,
aqui, quando se estabelece esse destaque, fiz questão de solicitar a minha
Bancada a oportunidade de encaminhar para discutir esse tema. Quero chamar aqui
a coerência de cada um, senhoras e senhores. Nós temos nesta Casa – e peço que
vocês prestem bem atenção -, Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª que defendeu,
nesta Casa, o Projeto da criação do Conselho da Família. Família, que é sagrada
para todos nós. Família, para a qual é necessário não apenas o descanso, mas a
relação familiar afetiva e religiosa. V. Ex.ª está sendo incoerente com a nossa
Igreja Católica Apostólica Romana, onde o próprio Papa diz que o dia de
descanso, que o feriado, que a honradez da família estão em primeiro lugar.
Cadê a sua coerência, Vereador, V. Ex.ª que me cobrou porque eu votava contra o
Conselho da Família? Neste momento, V. Ex.ª pensa na sua sagrada família, mas
não pensa na sagrada família de cada trabalhador comerciário, que precisa ter o
seu dia sagrado para descansar.
Cadê a coerência, Ver.ª Clênia Maranhão, V. Ex.ª
que é uma feminista, que luta pelos direitos de gênero? Cadê o seu discurso,
Ver.ª Clênia Maranhão, que saiu do PMDB por dizer que era incoerência e foi se
refugiar no Partido chamado socialista?
(Manifestações nas galerias.)
Que Partido socialista é este, Ver.ª Clênia
Maranhão, que se diz feminista no discurso, mas que na prática vota contra as
mulheres trabalhadoras?
(Manifestações nas galerias.)
Que discurso é esse, Ver. Isaac Ainhorn, que é um
antigo comunista, que se diz socialista marrom do PDT, que se diz de Getúlio
Vargas e de Brizola, mas que aqui vota com a UDR, que aqui vota com o que tem
de pior no neoliberalismo? Meia-noite e três, Ver. Isaac Ainhorn, e V. Ex.ª
pode, sim, por questão democrática, como Vereador, votar em quem quiser, mas a
sua alma, a sua mente está sendo incoerente com quem o elegeu, com o povo do
Bom Fim, com o povo da vila. V. Ex.ª, que se diz socialista, não tem o direito.
E agora a população está vendo quem é quem. Feminista que vota contra a mulher;
católico que vota contra o dia sagrado de descanso; e os falsos socialistas,
embutidos no socialismo, mas que, no fundo, não passam de hereges que defendem
o capitalismo.
Por isso, senhoras e senhores, a população de Porto
Alegre está vendo na prática quem é quem, os carrascos da humanidade, os
destruidores da vida. Aqui temos dois projetos: o que vota com o trabalhador e
o que sustenta o projeto neoliberal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma
Questão de Ordem.
O SR. ESTILAC
XAVIER (Questão de Ordem): Nas Sessões anteriores eu tinha concordância,
inclusive, com a opinião do Presidente, quando se questionava a substituição do
Ver. Haroldo de Souza, e, mais tarde, soubemos da substituição do Ver. Antonio
Hohlfeldt, confirmando que aqueles Requerimentos que votamos, de licenciamento,
eram para o dia 29. São quatro minutos, agora, do dia 30. Portanto, no meu
entendimento, e esse é o Requerimento na Questão de Ordem, Sr. Presidente,
estão findos os licenciamentos que deram origem à assunção dos suplentes dos
dois Vereadores que votamos a licença. Gostaríamos que o Presidente
posicionasse essa questão para o Plenário, por favor.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Respondo às duas Questões de Ordem levantadas, a
primeira pelo Ver. Juarez Pinheiro. Consultando a Diretoria Legislativa e a
Procuradoria, há o entendimento de que não há problema de que ingressemos,
mesmo num dia em que não seja de Sessão Ordinária, num feriado, inclusive já
tendo ocorrido fatos anteriores que ratificam essa posição.
Em relação à indagação do Ver. Estilac Xavier, é
verdade, o Vereador tem razão quanto ao término da licença dos Vereadores João
Bosco Vaz, que já retornou, e do Ver. Haroldo de Souza. Mas estou com um
Requerimento em mãos, que não havia lido ainda, para que a discussão pudesse
avançar e chegássemos à meia-noite, que passo a ler: “O Vereador abaixo
assinado, por motivo de exercício profissional, vê-se obrigado a afastar-se
dessa cidade e do Brasil para cobrir a Copa de Futebol Mundial. Nesse sentido,
e de acordo com o art. 93, § 3º, alínea “d”, § 4º, o Vereador requer Licença
para Tratamento de Interesse Particular, no período compreendido entre 29 de
maio e 2 de julho. Assinado: Ver. Haroldo de Souza.” Esse Requerimento será
colocado em votação antes da votação do Requerimento que está em discussão.
O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar o destaque à expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL n.º
089/02.
.
O SR. RAUL
CARRION: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores,
verdadeiramente estamos assistindo a fatos já sobrenaturais. Neste momento
tomamos conhecimento de um Requerimento assinado no dia de hoje por alguém que
se encontra na Coréia. Realmente é incompreensível, mas são muitas as coisas
incompreensíveis. Certamente o espírito do Ver. Haroldo de Souza, que se
encontra na Coréia, baixou neste plenário, neste momento, e assinou o
Requerimento, pedindo a sua substituição. Mas nada disso irá impedir que a
posição dos trabalhadores prevaleça, ou seja, que o destaque referente à
retirada da expressão “aos feriados” seja votado e seja derrotado, ou então que
seja renovada a votação. E aí eu já queria me referir ao art.196 do Regimento,
que trata da renovação de votação, e que afirma: “Projeto de votação poderá ser
renovado uma só vez a requerimento de Vereador aprovado pelo Plenário, quando a
matéria tiver sido aprovada ou rejeitada por diferença de votos menor ou igual
a três”, que foi o que aconteceu na votação anterior. E o mais importante, diz
o seguinte: “parágrafo 3º - a renovação de votação atinge a proposição
principal e seus acessórios.” Portanto, será renovada integralmente e aí com a
presença de todos os Vereadores desta Casa. Além do mais haverá, no caso de
alguma dúvida, o Veto deste Projeto e essa discussão voltará a esta Casa à luz
do dia e não mais na madrugada, na calada da noite, com constrangimento aos
Vereadores que têm uma consciência ao lado dos trabalhadores.
Por tudo isso, Ver. João Antonio Dib, que duvidava
da capacidade desta voz de seguir após a meia-noite, quero dizer que as forças
deste Vereador estão cada vez mais renovadas; mas a força dos que votam hoje
nessa linha divisória entre o trabalho e o capital, o lado que está perdendo
forças é o lado do capital.
Quero, meu Presidente Ver. José Fortunati,
questionar também que me parece que a licença do Ver. Antonio Hohlfeldt era
para o dia 29, tanto que o painel aponta o nome do Ver. Antonio Hohlfeldt, o
que significa que o nosso prezado amigo, a quem convidamos a permanecer no
Plenário, ele, infelizmente não dispõe mais do voto. Então, parece que com o
passar da meia-noite, pouco a pouco, as forças dos votos neoliberais vão
definhando, mostrando o futuro ou o não-futuro dessas posturas modernosas, mas
que estão condenadas pela história a serem jogadas no lixo dessa nossa
história.
Concluo, dizendo que encaminhamos favoravelmente à
retirada da expressão “feriados” desse Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o destaque à
expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL n.º 089/02.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nossas homenagens
aos Vereadores que, com responsabilidade, no dia de hoje, ficaram até a esta
hora da noite. Não é calada da noite, é até a esta hora da noite votando
assuntos do interesse da Cidade.
Agora, Sr. Presidente, começam a questionar tudo.
Não há diferença...
Sr. Presidente, eu vou pedir que V. Ex.ª me assegure a palavra.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Está assegurada a palavra.
O SR. ISAAC
AINHORN: Não há diferença entre aqueles que, na madrugada dos idos de março de
1964, agiram por meio de golpes e tentativas de derrubar aqueles que,
constitucionalmente, se encontram representando os legítimos interesses da
sociedade.
Sr. Presidente, quero expressar aqui o
reconhecimento a todos os Vereadores. E neste momento, ingressa, neste
Plenário, o Ver. Antonio Hohlfeldt, cuja imagem e expressão é largamente
conhecida na Cidade de Porto Alegre.
Sim, nós estamos qualificando Porto Alegre. Assim,
São Paulo, da Prefeita Marta Suplicy, trabalha aos domingos. Certamente, o Ver.
Raul Carrion...
Sr. Presidente, eu não tenho condições... Eu não
consigo, Sr. Presidente, com este tumulto.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito aos Srs. Vereadores que permaneçam em
silêncio para que possamos continuar com a Sessão.
Com a palavra assegurada, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadores e Srs. Vereadores, nós
estamos aqui defendendo uma tese que defendemos desde o nosso primeiro dia de
mandato, no ano de 1986. Primeiro, contestando aqueles que queriam fechar o
comércio aos sábados à tarde. E hoje a Nova Azenha sabe o que representa o
comércio na Nova Azenha sábados à tarde. Aqui nesta Casa o PT quis, até o ano
de 1990 fechar o comércio sábado à tarde, e hoje, sábado à tarde é um dos dias
de maior vendas no comércio da Cidade de Porto Alegre, gerando empregos,
gerando trabalho. E é isso que nós buscamos: trabalho. A própria Força
Sindical, que tem representantes aqui presentes, hoje, está operando,
flexibilizando as Leis Trabalhistas de Getúlio Vargas. Estão lá flexibilizando
as leis trabalhistas. Estão comprometidos, muitas vezes, com teses
questionadas, com teses questionadas pela verdadeira esquerda, porque os
segmentos da Força Sindical já se aliaram até ao Sr. Fernando Henrique Cardoso.
E digam que não. O PDT jamais se aliou ao Sr. Fernando Henrique Cardoso. E se
nós estamos aqui defendendo a abertura do comércio aos domingos...
(Tumulto nas galerias.)
Sr. Presidente, realmente eu não terei mais voz
para defender as minhas teses perante essa baderna que se instalou, Sr.
Presidente.
(Tumulto nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Srs. Vereadores, o Ver. Isaac Ainhorn continua com
a palavra.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu até compreendo as manifestações de
alguns setores da platéia que aqui se encontram presentes. Sr. Presidente, não
vou polemizar, mas quero que me seja assegurado o direito da palavra. Este
Vereador foi um dos fundadores do PDT em Lisboa. Eu não quero polemizar, fui
fundador e sempre tive essa tese, essa posição coerente. Tem muita gente que
entra e sai, dentro do PDT, muitos deles, hoje, estão lá no PT, venderam-se por
cargos e lá estão. E talvez muitos dos que estão na platéia amanhã farão o
mesmo dos que foram lá para o PT, ocupando cargos no governo.
Quero voltar ao tema, Sr. Presidente. Vamos manter,
na integralidade, o Projeto de autoria do Ver. Haroldo de Souza, porque
entendemos que é o projeto mais compatível com os interesses das causas sociais
pela melhoria do emprego, pela qualificação da cidade de Porto Alegre. Hoje
cidades como São Paulo, como Rio de Janeiro e outras cidades do Rio Grande do
Sul com governo do PDT, têm o comércio aberto aos domingos, e muitos não
assumem essa posição de abertura, por falta de transparência, inclusive dentro
do PT, que queria o comércio aberto aos domingos.
A nossa solidariedade à valorosa companheira e
militante Ver.ª Clênia Maranhão, que foi injustamente atacada desta tribuna.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o destaque à expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL
n.º 089/02.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs.
Vereadores. É importante resgatar o que está sendo discutido, encaminhado pelas
diversas Bancadas para votação. E é importante prestar atenção. Estamos votando
a supressão de “domingo” e depois de “feriado”, ou seja, se conseguirmos uma
maioria contrária ao feriado, será retirado do texto “feriado.” Se conseguirmos
uma maioria contrária ao domingo, será retirado “domingo” do texto. Portanto,
ainda existe uma possibilidade de, nesta noite, conseguirmos reverter o atual
processo. Por isso que o ambiente fica tenso, porque estamos decidindo sobre a
vida de milhares de trabalhadores do comércio da nossa Cidade. Quando eu digo
nossa Cidade me preocupa, porque Porto Alegre é o centro que repercute em todo
o Estado, e o que for decidido aqui os senhores e as senhoras podem ter certeza
que vai acontecer em escalas em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Portanto,
mais uma vez, já que a cada votação a contagem de votos se modifica, alguns
Vereadores estão sendo trocados, e, portanto, existe uma expectativa ainda de
uma alteração para que, no domingo, possamos reverter e que os trabalhadores
não trabalhem no domingo. E, depois, votando “feriado”, também possamos
reverter. A votação será feita em dois momentos. Estamos apenas agora
encaminhando o tópico “feriado.” Se conseguirmos votar contra o feriado, o que
vai ficar estabelecido? Que os trabalhadores do comércio não serão obrigados a
trabalhar nos feriados. E é isso que estamos buscando, porque foi solicitado o
destaque em vários tópicos. É importante que possamos esclarecer a metodologia
que está sendo utilizada para facilitar a compreensão e a interlocução dos
senhores e das senhoras nesta noite, até porque já são 24h24min, já estamos há
10 horas e 24 minutos contínuos de trabalho, um trabalho desgastante, muito
tenso, que muitas vezes faz com que nós, Vereadores, sejamos mais ríspidos uns
com os outros, mas, na realidade, aqui, toda a questão é uma questão
ideológica. Aqueles que são favoráveis a uma liberação total e aqueles que
entendem que o dever é preservar o trabalhador. E é isso que nós, dentro dos
princípios do Partido Socialista buscamos, preservar e dar garantia ao
trabalhador. E nós já falamos aqui dez vezes e vamos falar tantas vezes quantas
forem necessárias, nós queremos, sim, que o trabalhador tenha a garantia da sua
folga, e se ele tiver que trabalhar no domingo, esse domingo tem que ser
valorizado de maneira diferenciada, que ele possa ter um acréscimo salarial e
não simplesmente uma troca. É por isso que, neste momento estamos encaminhando
especificamente a questão do feriado, para que nós possamos votar nela, é em
cima disso especificamente que o Partido Socialista Brasileiro encaminha pela
não-inclusão de feriados e aí, se for votado pela maioria, sai do texto o termo
“feriado”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para
encaminhar o destaque à expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL n.º
089/02.
O SR. BETO
MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, não
podemos deixar passar algumas manifestações que, neste momento, servem para a
Bancada do PT e do PC do B, mas que na prática do dia-a-dia estão muito longe
de serem concretizadas. Por exemplo, o Ver. Marcelo Danéris veio aqui dizer que
a sociedade não participou desse processo de discussão da abertura do comércio
aos domingos. Vou trazer outro exemplo que diz respeito ao pequeno comércio na
cidade de Porto Alegre: o alargamento da Av. Goethe; ali nós temos
pequeníssimos, microempresários, pequenos comerciantes que dependem daquelas
calçadas e dos estacionamentos para poderem sobreviver. O que aconteceu? Sem
nenhum tipo de consulta à sociedade, aos comerciantes ali estabelecidos, aos
pequenos comerciantes, aos trabalhadores ali na Av. Goethe, na calada da noite,
Ver. Raul Carrion, como V. Ex.ª trouxe aqui, o carnaval iria se iniciar sem
consulta à sociedade - o alargamento da Av. Goethe. Por que vocês não trazem
aqui o debate à sociedade no dia-a-dia, agora serve o discurso Ver. Raul
Carrion? Onde está o Ver. Marcelo Danéris para falar da participação da
sociedade, do processo decisório aqui em Porto Alegre; vamos trazer aqui Ver.ª
Sofia Cavedon, V. Ex.ª que gosta de falar aos quatro ventos em democracia, em
radicalização da democracia, onde é que está a participação da sociedade no
alargamento da Goethe, que está apavorando os pequenos comerciantes? Aí não
existe democracia. Aí querem falar em participação da sociedade. E mais, Ver.
Raul Carrion, Ver.ª Maristela Maffei, falando do Papa, falando em Dom Dadeus,
que V. Ex.as tanto criticam! V. Ex.ª, Raul Carrion que falou do meu
irmão, que é padre, mas eu quero dizer que a doutrina social da Igreja, assim
como condena o capitalismo selvagem, condena o seu sistema; o seu sistema
comunista e marxista porque são extremamente materialistas, e que se utilizam
muitas vezes da sociedade por discursos fáceis. Eu quero ver, sim, a
radicalização da democracia, o respeito à sociedade, como um todo, no
dia-a-dia, e não nos discursos fáceis, que nós vimos aqui hoje. Essa é a
manifestação, sim, do Partido Progressista Brasileiro, que lamenta, mais uma
vez, a bancada situacionista falar em participação da sociedade no processo
decisório, mas que tem, isso sim, alijado à sociedade os desafios mais
importantes, de um Plano Diretor que está acabando com o estacionamento do
pequeno comerciante, que alija o pedestre, porque só quer saber de uma
concepção conservadora de alargar as avenidas, projetos desumanos, lá dos anos
70, feitos hoje em pleno século XXI. Chega! A sociedade não quer mais saber
desse discurso fácil, porque está atenta a esta política conservadora e
materialista, e sim, neoliberal como está aí o Plano Diretor, apresentado pelo
Executivo que alijou de uma vez por todas a sociedade e a qualidade de vida que
ela tanto merecia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
encaminhar o destaque à expressão “feriados”, constante no art. 1.º do PLL n.º
089/02.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs.
Vereadores, a nossa tranqüilidade em votar esta matéria é absoluta. Nós
queremos deixar muito claro que nós nos acostumamos ao jogo democrático. Quando
assumimos a representação popular, sabíamos que muitas vezes haveríamos de
encontrar momentos de dificuldades, e que se tentaria, pelo grito, impedir a
verdadeira manifestação nesta Casa. Eu até quero dizer que sou acostumado ao
jogo democrático. Esse tipo de pressão, a mim não impressiona, até se
impressionasse seria no sentido de reafirmar as minhas posições, as quais tenho
de forma muito clara, muito precisa. Tenho plena consciência do que estou
votando. Sei que posso descontentar alguns e esta é, sem dúvida, a eterna opção
dos legisladores de contentar alguns e descontentar outros. Certamente, grande
parte daqueles que estou a descontentar, está hoje aqui e, provavelmente irá me
vaiar ao final do meu pronunciamento, mas sempre disse que a minha postura
nesse episódio, além de envolver uma confirmação das minhas convicções
doutrinárias, leva em conta respaldar aquele que efetivamente é o delegado da
representação popular que nós exercemos. Estamos aqui falando em nome do
consumidor, porque, até agora, se falou de tudo, se falou do comerciante que
abrirá ou não o seu estabelecimento, se essa lei vigorar, o comerciante terá
liberdade de abrir ou não abrir, vai-se terminar com aquela situação de
privilégios de alguns que fecham as portas, porque são impedidos de abri-las, e
ficam, pelo telefone, vendendo com seus funcionários para toda a cidade de
Porto Alegre. Vai-se retirar dos pequenos comerciantes, esses sim, da Restinga,
do Passo das Pedras, da periferia de Porto Alegre, vai-se retirar dele a canga
da eterna multa por quererem abastecer as comunidades onde estão inseridos.
Certamente que a maioria das pessoas que não entendem a nossa posição, nunca
passaram um domingo numa vila popular, porque lá, todos sabem, o comércio abre,
é multado porque é aberto. O que querem então? Querem cingir ao pequeno
comerciante a nunca crescer, a sempre ser um pequeno comercinho, onde só a
família pode atender. Eu não quero negar a esse cidadão o direito de crescer.
Nem quero negar àqueles que prosperaram através do seu trabalho e que hoje tem
um empreendimento, uma casa comercial com alguns servidores, com alguns
funcionários, a maioria dos quais quer trabalhar nos domingos. Eles sabem que
trabalhando aos domingos representam o sucesso do negócio do seu empregador. E
mais do que qualquer coisa, Sr. Presidente, falo para os que querem me ouvir,
os que querem me vaiar, não percam tempo, eu vou continuar, eu vou continuar
dizendo que o mais importante nesta hora é preservar os postos de trabalho que,
algum dia, vão começar a minguar e desaparecer. O comércio de Porto Alegre vai
ficar submetido a um tipo de concorrência predatória, porque ali em Canoas
pode-se abrir o comércio, ali em Gravataí pode-se fazê-lo; Cachoeirinha,
Canela, Gramado, Caxias. E aqui não podemos fazer. Vai ficar estabelecido, de
uma vez por todas, que nós não estamos obrigando a ninguém a abrir o seu
estabelecimento comercial. Aqueles comerciantes que estão aqui preocupados, que
se despreocupem, se não quiserem abrir o seu estabelecimento aos domingos, não
há nenhuma lei que vai exigir isso. Os outros que querem abrir o comércio aos
domingos, porque querem atender os consumidores, a sua clientela, façam esta
experiência. Experiência que poderá até não vingar. Porque, se abrir o comércio
e ninguém for lá comprar, ele deixará de abrir. O comércio vive em função do
seu cliente, o comércio vive em função do consumidor, e é esse consumidor que
eu estou, aqui, de peito aberto, defendendo, sim, senhor. É esse consumidor que
eu estou aqui de peito aberto defendendo.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Reginaldo Pujol, já esgotou o seu tempo.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu posso não ter ouvido a campainha
pelo vozerio que aqui ocorre, mas concluo, Sr. Presidente, alertando a todos
que todas essas vaias, todo esse vozerio me entusiasmam a continuar votando,
até a hora que for necessária para assegurar a liberdade na cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal a expressão destacada “feriados”
do art. 1.º do PLL n.º 089/02, lembrando que quem vota “Sim” mantém a expressão
no texto, quem vota “Não” retira a expressão do texto. (Após a apuração
nominal.) APROVADO por 15 votos SIM e 13 votos NÃO.
Em votação o destaque à expressão "domingos" do art. 1.º do PLL n.º 089/02. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar.
O SR. RAUL
CARRION: Ex.mo Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, todos os que nos assistem aqui e nas suas casas.
Queríamos, através desse destaque, corrigir esse Projeto que, na verdade,
retroage, como já havíamos dito aqui, a um período prévio à escravidão neste País.
Porque nunca é demais relembrar que em 1884, quatro anos antes da abolição da
escravidão, a cidade de Porto Alegre aprovou a lei do fechamento das portas dos
comércios aos domingos, que ficou conhecida, Ver. Dr. Goulart, como a lei áurea
do balcão, associando-se àquela imagem da Lei Áurea que foi aprovada e assinada
em 13 de maio de 1888. Então, vejam bem, antes da escravidão, a sociedade
porto-alegrense compreendeu que o dia do domingo deveria ser dedicado a que as
famílias estivessem convivendo, as que tivessem credo religioso pudessem
exercê-lo, as que tivessem atividades culturais, esportivas, fizessem-no. E por
que existe um único dia da semana que é reservado para a não-existência do
trabalho, salvo os casos excepcionais compreendidos em lei? Porque há o
entendimento que se num dia é a esposa que não trabalha, no outro dia é o
esposo que não trabalha, e no outro dia são os filhos que não estudam, a
família nunca teria a possibilidade de conviver. Então, sabiamente a humanidade
há milênios decidiu que um dia, seja por motivos religiosos ou outros, seria
dedicado ao lazer, à cultura, à convivência, ao exercício dos seus credos
religiosos. E é isso que esta Casa quer derrubar, algo que há milênios a
humanidade fez, talvez no próximo passo queiram revogar a lei da gravidade - é
o que falta a esta Casa fazer, se essa barbaridade for aprovada. Talvez pensem
alguns que também liquidam com a CLT, Ver. Ervino Besson e Ver. Dr. Goulart, e
a CLT diz que o dia do descanso é o domingo, salvo exceções. E a CLT é de
Getúlio Vargas. Vem de lá, Ver. Ervino Besson, vem de lá, Ver. Dr. Goulart, é o
que esse destaque procura salvar, e, certamente, dessa vez o Ver. Dr. Goulart e
o Ver. Ervino Besson votarão, tenho certeza, o destaque conosco, senão será uma
incoerência; e as incoerências na vida marcam homens e mulheres. E não é fácil
depois retirar essa marca.
Ver. Beto Moesch, concluo dizendo que, ao contrário
do que V. Ex.ª disse aqui, eu, a Ver.ª Maristela Maffei, V. Ex.ª, o Ver. João
Carlos Nedel participamos de uma audiência pública lá no Caixeiros Viajantes
para discutir a ampliação da Göethe, e V. Ex.ª talvez tenha esquecido e partiu
para o ataque novamente de cunho anticomunista, que é a marca de todos aqueles
que deixam de lado a democracia para cair no anticomunismo.
Concluo, Sr. Presidente Ver. José Fortunati,
esperamos que os votos dos nossos colegas sejam favoráveis a esse destaque.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar
o destaque.
O SR. ADELI
SELL: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, são 45 minutos do feriado de
Corpus Christi, eu só me lembro de uma Sessão, nesses cinco anos e cinco meses
que estou nesta Casa, que tenha sido uma Sessão tão longa, ela ocorreu na noite
ou na manhã em que a Ver.ª Anamaria Negroni foi cassada nesta Casa. É
interessante que a população de Porto Alegre saiba que, no último período,
muitas vezes, com Projetos extremamente importantes na Ordem do Dia, que, por
dois ou três anos têm entrado na Ordem do Dia, nós não temos tido a boa vontade
nem de fazer as tradicionais duas horas de postergação. Porque duas horas
extras é o comum para os trabalhadores deste País. Isso é comum, neste País,
para se ter um salário um pouco maior. Esta é a triste realidade do Brasil,
mas, quando se quer discutir a tributação sobre aqueles setores, comerciárias e
comerciários que estão aqui presentes, como, por exemplo, os referentes aos
donos de cartórios, que não pagam tributos, ah, para esse debate não temos
audiência aqui dentro, para esse debate não há quórum. E quando nós queremos
tributar certos serviços, porque serviços semelhantes pagam tributos, aí temos
pareceres e pareceres contra nas Comissões. Mas, agora, com esse Projeto, que a
maioria desta Casa não conhece, porque foi chamado em regime de urgência, esse
Projeto não foi debatido com ninguém, nem com aqueles que defendem a abertura
indiscriminada do comércio. Nem com eles. Porque há projetos e projetos,
formulações e formulações. Queremos continuar a fazer o verdadeiro debate, nem
que seja necessário amanhecer debatendo. Nós não fugimos deste debate. Agora,
não pensem, as Sr.as Vereadoras e os Srs. Vereadores, que, terminada
esta Sessão, isso ficará intramuros. E quem está assistindo, na televisão, ou
quem ler as páginas dos jornais ou escutar as rádios neste feriadão... Não, nós
iremos divulgar o verdadeiro debate que se deu aqui. Vamos continuar a dialogar
com a sociedade. Vamos continuar a dialogar com os comerciários, com as
comerciárias e também com os consumidores, porque queremos mostrar aos
consumidores, um a um, que essa classe é constituída de trabalhadores que,
muitas vezes, são obrigados a fazer horas extras, quando não podem, para
aumentar seu salário, que é baixo. Queremos discutir, sim, com o comércio,
porque se não houvesse o contrabando e a pirataria que existem neste País, nós
estaríamos fazendo outro tipo de debate. Inclusive hoje já estamos vendo que a
questão do contrabando e da pirataria não está apenas nas ruas, com os camelôs,
mas também já tem comércio instalado com essa barbaridade. Aí, sim, falta o
tributo que o Governo tem necessidade, para fazer a escola pública, para fazer
o calçamento que falta na periferia, onde esse comerciário e onde esta
comerciária moram, porque não moram em palacetes. Os trabalhadores constroem e
nem sempre vivem na casa que constroem. Nós precisamos, a partir desta
experiência, desta noite para a manhã deste feriado, cobrar, daqui para a
frente, no mês de junho, que não fique um único projeto que esteja na Ordem do
Dia sem votar. Nós sempre estamos aqui, somos os primeiros a chegar nesta Casa,
discutimos todos os projetos de Pauta, mas há aqueles que não ouvem, aqueles
que não lêem e aqueles que votam sem saber o que está sendo votado. Este tipo
de postura desmerece Porto Alegre, esta Cidade generosa que soube abraçar os
portugueses que aqui chegaram e todas as outras etnias que para cá vieram.
Neste tipo de debate nós não fizemos justiça com a história e a tradição da
Capital dos gaúchos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o destaque à expressão “domingos”, constante no art. 1.º do PLL
n.º 089/02.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se nós notarmos,
a cada votação, está diminuindo - é por isso que sou uma pessoa otimista -,
começou com quatro, depois três, e dois. Nesta, talvez, agora, possamos
empatar. Estamos agora debatendo, especificamente, sobre o domingo. Até o ano
passado, os dois sindicatos acordavam, se não me engano, que fossem onze a doze
domingos por ano, sempre com antecedência naquelas grandes datas: Dia das Mães,
Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Natal, Páscoa, datas significativas. Este ano
não houve esse acordo, e já dissemos aqui por que não houve o acordo. Porque a
classe patronal entendeu que não deveria dar um subsídio maior aos
trabalhadores, e sem esse subsídio não houve acordo e, em compensação, colocaram
diversos outdoors pela Cidade dizendo
que éramos os culpados. Mas a verdade tem que ser dita, não houve acordo porque
queriam simplesmente uma imposição: ou aceitam dessa forma, ou não existe
outra. E o Sindicato dos Comerciários, mais uma vez, marcou a sua posição
firme, como tem feito até então.
Essas situações, ao longo dos anos, têm
dificultado. Sabemos que na Serra, por exemplo, o comércio trabalha sábados,
domingos e feriados, mas, ao mesmo tempo, é um tipo de comércio diferenciado, é
um comércio artesanal que, na sua grande maioria, os proprietários junto com os
seus familiares são os que ali trabalham diuturnamente, e que vivem em função
da sua labuta. É no comércio de chocolates, confecções, e mesmo dentro do ramo
hoteleiro. Mas o que acontece no dia-a-dia é que não conseguimos, até então,
ver uma expectativa melhor. A minha expectativa, agora, é procurar, nesta
próxima votação, que vai ocorrer dentro de alguns minutos, diminuir para,
talvez, um voto, porque não tenho dúvida que para todo esse processo será
solicitada renovação de votação, tudo que votamos hoje vamos votar, item por
item, novamente, na próxima semana, e se perdermos vai para a apreciação do Sr.
Prefeito. O Prefeito Tarso Genro, dentro da mesma linha, vetou. E se for vetado
retorna a esta Casa para, novamente, uma outra situação.
Mas o que me preocupa, volto a dizer, é que vinte e
quatro Vereadores, e gostaria de falar justamente com V. Ex.ª, Ver. Ervino
Besson, que é pessoa sensível, trabalha no ramo, tem uma responsabilidade
social muito grande e o seu voto pode mudar o panorama; o seu voto pode fazer,
a partir de agora com que esses trabalhadores não trabalhem aos domingos. V.
Ex.ª já pensou na sua responsabilidade social? É em cima disso que nós
solicitamos a V. Ex.ª que repense em cima dessa responsabilidade de alguém que
durante muitos anos labutou na padaria, que conhece muito bem o que é o
comércio e que através do seu voto, neste momento, pode mudar a direção,
fazendo com que votando “não” possamos resguardar o domingo a todos os
trabalhadores de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal a expressão destacada
“domingos” do art. 1º do PLL n.º 089/02 (Após a apuração nominal.) APROVADO por 15 votos SIM e 14 votos NÃO. A expressão “domingos” está mantida no texto.
Em votação o destaque ao art. 2.º do PLL n.º
089/02. O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar.
O SR. ESTILAC
XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma hora do dia 30 do mês de maio e
nós estamos votando um Projeto que foi imposto hoje à tarde, comunicado pelo
Ver. Isaac Ainhorn, que nos informava: “Vai ser votado”. E quem acompanhou o
processo verificou que, por todos os apelos e motivos que aqui apresentamos,
não conseguimos demover uma parcela significativa desta Casa. Lamentável!
Mistérios da meia-noite conduziram isso aqui.
Agora, temos a presença do Ver. Cassiá Carpes para sustentar a posição do
direito dos trabalhadores. Ainda há pouco chegou o Ver. João Bosco Vaz.
Nós estamos fazendo destaque ao art. 2.º do tal
Projeto. Projeto que tem um único interesse, um único objetivo: desequilibrar a
relação que há entre os trabalhadores comerciários e o Sindicato dos Lojistas.
E mais, em prejuízo pleno ao pequeno e médio comércio; os comerciantes já
disseram aqui, várias vezes, pela sua representação. E o Ver. Reginaldo Pujol,
ilustre Líder agora do PFL, diz que nós não conhecemos o funcionamento dos
bairros e vilas. Errado, novamente errado! Nós conhecemos muito bem, tanto
conhecemos que este Governo, do qual nos orgulhamos de pertencer, está pelo
quarto mandato sustentado numa opinião política majoritária desta Cidade.
E é por isso que quando se vota um Projeto desses,
quem acompanha a Casa – está aqui um dos coordenadores da CAPA, também o nobre
Presidente da ANA, Associação Nova Azenha – sabe muito bem que só em
excepcionalíssimas ocasiões esta Casa faz o que está fazendo hoje aqui. Mas o
que justifica o que está sendo feito aqui? O que justifica as substituições que
foram feitas? Apregoações de suplências que depois não foram levadas à votação!
Tudo isso para justificar o quê? Porque querem tirar os direitos dos
trabalhadores. Porque há interesse, sim, econômico muito grande. Não é
liberdade ao comércio, não é livre circulação de mercadoria, não é oportunidade
de emprego; é, sim, colocar os trabalhadores sob a tutela plena de quem tem o
posto de trabalho nas suas mãos, que são os grandes. O Ver. João Antonio Dib
sabe disso. Nós estamos contra e achamos que os Partidos que aqui revelaram as
suas divisões deverão repensar isso. Nós queremos, sim, saber a posição dos
Partidos, porque quando é para enfrentar matérias também de interesses da
Cidade, rapidamente se fecha a questão. Pois nós queremos saber a posição. Já
sabemos que tem anúncio aqui da base do PDT, da base do PTB, que querem
manifestação das suas direções a respeito deste Projeto. Não é possível, Ver.
Pedro Américo Leal, V. Ex.ª acompanhou a votação hoje, de forma disciplinada e
atenta, eu sei sua opinião. E V. Ex.ª não se manifestou, V. Ex.ª percebeu tudo
que ocorreu nos bastidores e nos não-bastidores deste processo. E nós estamos
votando aqui uma determinação que foi tomada por três ou quatro Vereadores e
que subordinaram, de alguma forma, na política, os demais, conduzindo à posição
constrangedora, por “a”, por “b”, por motivos variados, e que fazem com que nós
estejamos a votar um processo que vai ser renovado, e que nós já afirmamos que
o nosso Governo vai vetar, e que vai dar chance à mobilização social dos
trabalhadores, dos sindicatos, dos comerciantes pequenos e médios, para mostrar
a expressão social aqui nesta Câmara da vontade do povo organizado, dos
trabalhadores. Não com essa abstrata noção de que todo mundo quer comprar. Não
há clamor nenhum na sociedade sobre isso, Ver. João Antonio Dib.
Eu concluo, Sr. Presidente, pedindo que se destaque
e vote contra o art. 2.º da lei em questão, que é contra os interesses dos
trabalhadores e a livre negociação entre o Sindicato Lojista e os Sindicato dos
Comerciários. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para
encaminhar o destaque.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, isso aqui mais parece uma missa de
réquim do que uma Sessão Plenária. Há rostos constrangidos, há pessoas
envergonhadas e há trabalhadores revoltados com a decisão desta Câmara de
Vereadores. É inusitado, Ver. Pedro Américo Leal: o autor da proposta não está
no Brasil, não tem um único parecer; estamos votando numa Sessão que se iniciou
no dia anterior; 01h07min da manhã; não há parecer; não houve espelho
comunicando que teríamos votação. Há um constrangimento geral. Há aparições,
pessoas que aparecem, Vereadores que desaparecem; pessoas honradas, adoentadas,
precisam ser buscadas nos seus leitos para virem votar na Câmara de Vereadores.
Pessoas chamam por Deus, defendem Deus aqui, mas esquecem o trabalhador. E um
dos primeiros Mandamentos é aquele de respeitar o seu próximo – hoje não
estamos respeitando os trabalhadores, não estamos respeitando o próximo. Há um
constrangimento, uma tristeza geral. Até acho que se fosse possível, seria bom
tirar dos Anais este dia, este dia não precisaria existir. Este dia pode ser
riscado da Câmara de Vereadores. Esse Processo não tem parecer, foi pedido pelo
art. 81, o autor não está presente, não está no Brasil. A composição da Câmara
já mudou “n” vezes nesta noite, no dia anterior, na tarde anterior, na noite
anterior, esta noite, nesta madrugada; e, se continuarmos, vai ser assim. O
Ver. Cassiá Carpes, nem no tempo em que era zagueiro do Grêmio correu tanto
para chegar aqui e dar o seu voto em prol dos trabalhadores.
Srs. Vereadores, eu não vou falar de outras coisas,
até por uma razão ética, e para proteger, também, esta Câmara de Vereadores, o
que alguns não estão fazendo, porque estão expondo a Câmara. Não vou falar de
outras coisas que poderia falar, porque respeito esta Casa, que tem mais de
dois séculos e não é uma noite de vergonha que vai fazer com que perca a sua
respeitabilidade. Mas hoje é uma noite de vergonha para a Câmara, para Porto
Alegre e uma noite de tristeza para os trabalhadores. Hoje eles estão aqui,
neste feriado, no ano que vem eles não estarão aqui, as galerias estarão todas
fazias e eles já estarão próximos de se acordar para irem trabalhar num
feriado, porque estamos dizendo isso; que os senhores, sim, os trabalhadores
terão de trabalhar no feriado. E sabemos que não vão ganhar nada a mais. E se
não quiserem trabalhar, há um exército de reserva, e os patrões sabem o que
fazer, vão colocá-los na rua. E nós aqui, vergonhosamente, capitulando como
nunca fizemos, estamos dizendo “sim” a essas barbaridades. É uma noite de
horror. O autor não está presente. É 01h10min. Vereadores chegam e saem;
doentes saem dos seus leitos. É uma noite de tristeza. Se possível, vamos
tirá-la dos Anais da Câmara. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar o Requerimento.
O SR. RAUL CARRION: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, realmente, como bem disse o Ver. Juarez Pinheiro,
são momentos de trevas, momentos de assombrações, requerimentos que chegam à
Mesa e, depois, desaparecem, Vereadores que estão no exterior e assinam
documentos em Porto Alegre. Tudo já aconteceu nesta noite de trevas. Mas o dia,
a alvorada ocorrerá, e as trevas se dissiparão e os interesses poderosos que
estão de trás de determinadas posições virão à luz do dia e serão julgadas pelo
povo. Vou ler o art. 2.º dessa Lei. Depois de liquidar com o descanso aos
domingos, tenta dourar a pílula e diz o seguinte: (Lê.) “O funcionamento do
comércio será estabelecido em turnos, observada a jornada de trabalho prevista
na Constituição Federal e na CLT.” Vejam bem, não é só que os trabalhadores vão
ter de trabalhar domingos e feriados; vão ter de trabalhar em turnos, como na
PETROBRAS, como na siderúrgica, que uma turma entra às 6, trabalha até às 14;
outra turma entra às 14 até as 8; outra, entra às 8 até as 6 da manhã. Trabalho
em turno é isso, está dito na Constituição, inclusive, que trabalho de turno é
de seis horas, é noite, dia, madrugada. Parece que gostaram de trabalhar até
uma e treze, e querem agora que os trabalhadores trabalhem. Agora não é só
isso, a nossa Constituição é claríssima, o que ela diz no art. 22, Ver. João
Antonio Dib, que é tão inteligente, uma sapiência nesta Casa, diz o seguinte:
“Compete privativamente à União legislar: Direito Civil, Direito Comercial,
Direito Penal, Direito Processual, Eleitoral, Agrário, Marítimo, Aeronáutica,
Espacial e do Trabalho. Como que uma lei municipal aprova que vai ter trabalho
em turnos no comércio. Quero dizer que não só é um golpe com os trabalhadores,
como é uma sandice, é uma inconstitucionalidade, e eu não acredito que esta
Casa possa aprovar um Projeto inconstitucional, um artigo inconstitucional, que
qualquer ação junto a qualquer tribunal irá derrubar. Por isso, alertamos os
Srs. Vereadores, tantos juristas nesta Casa, o Ver. Reginaldo Pujol, um
Jurista, o Ver. Elói Guimarães, o Ver. Isaac Ainhorn, e tantos outros estão
vendo, o Regimento já foi rasgado, agora estão rasgando a Constituição deste
País. Olha, minha gente, só falta agora esta Casa tentar revogar a Lei da
Gravidade, porque eu acho que esta Casa pensa que tudo é possível, porque tem
uma maioria circunstancial que já baixou me parece para um voto, devido a
ausência do Ver. Zé Valdir, que parece que está a caminho que acham que podem
aprovar qualquer coisa nesta Casa, e que a população de Porto Alegre vai aceitar
isso, e que os Vereadores desconformes com isso vão aceitar.
Então, está na hora de a razão voltar aos Srs.
Vereadores que se alinham com a trincheira do capital. Porque aqui, e reafirmo
está bem claro, os que estão divididos de um lado os que defendem os
trabalhadores, do outro, os que defendem o capital. Então, por tudo isso a
Bancada do PC do B, encaminha contrária a esse artigo inconstitucional que não
cabe a esta Casa votar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
para encaminhar o destaque ao art. 2.º do PLL n.º 089/02.
O SR. CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs.
Vereadores, a discussão deste art. 2.º é a que se prende realmente em turnos.
Quando começa a se falar em turnos podem ter a certeza, hoje, refere-se a
domingo, feriado, e amanhã vai ser 24 horas por dia. Mais uma vez mostrando que
o ser humano está sendo contabilizado como máquina. Eu gostaria que os senhores
e as senhoras tivessem acesso, hoje, a um dos grandes teóricos Domênico De
Masi, que fala no futuro do trabalho, no seu livro quando ele discorre muito
bem, sobre o nosso mundo moderno, nosso mundo que hoje, tem seis bilhões de
habitantes e desses seis bilhões, dois bilhões trabalham e quatro bilhões não
trabalham. Quer dizer, um terço da população do mundo trabalha enquanto os
outros dois terços não trabalham. E aí vamos tentar explicar como que se dá
esses dois terços, crianças, jovens, idosos, aposentados, mas um terço são
pessoas que querem trabalhar e não conseguem emprego. Por isso que ele dá uma
visão de que as pessoas têm que aprender, e no outro livro, O Ócio Criativo ele fala muito bem,
primeiro quando ele faz uma abordagem sobre rede, e aí ele diz, se você é
daqueles fissurado em Internet vai achar que rede é dos computadores, mas se
você tiver uma visão social vai pensar na rede aquela de deitar, e saber que
todo o ser humano tem direito ao lazer, à recreação, ao ócio sim, mas não. Nós
vimos aqui que as pessoas não têm esse direito, elas têm que trabalhar
diuturnamente porque são máquinas. Então, dentro dessa visão moderna de mundo,
nós estamos na contramão. Enquanto que os grandes Países estão brigando por
redução de jornada de trabalho, nós estamos aqui com coisas abusivas, pensando
em divisão de turno e fazendo com que as pessoas possam trabalhar 24 horas como
se alguém fosse máquina, como se alguém não tivesse uma interação com outro ser
social. Então, dentro dessa visão moderna, não podemos aceitar, isso é inadmissível
e, cada vez, temos que ter tempo sim. O ser humano, e são os grandes paradoxos
dos tempos modernos, criou tanta parafernália para facilitar a sua vida e hoje
ele fica escravo dessa vida. Isso começa dentro de casa, as pessoas não tem uma
interação, porque se têm duas televisões,
elas se dividem, cada uma vai
assistir um programa. Não existe mais comunicação neste mundo moderno. E, ao
mesmo tempo, fazer com que as pessoas cada vez só trabalhem pensando em número,
o centro passa a ser o trabalho e nós temos que mudar esse conceito. E Domenico
De Masi, em sua bibliografia é muito categórico, ele enfoca muito bem isso,
mostrando que as pessoas, sim, tem que trabalhar, mas a contrapartida boa do
trabalho é ter a garantia da sua renda para usufruir tempo do lazer, o tempo da
recreação, o tempo de poder ficar com a família e o tempo de dizer sim eu quero
ficar na vagabundagem, eu não quero fazer nada! Esse é um direito que assiste a
qualquer pessoa, a qualquer trabalhador. Mas neste enfoque aqui é o contrário,
as pessoas em vez de ter o livre arbítrio, passam num novo processo de
escravidão. Então, mediante isso, nós não podemos concordar com o que está
posto aqui, e só nos resta votar contra. Muito obrigado
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal o art. 2.º do PLL n.º 089/02,
destacado. (Após a apuração nominal.)
REJEITADO por 14 votos SIM, 15 votos NÃO e 01
ABSTENÇÃO.
Em votação nominal o art. 3º do PLL n.º 089/02. (Pausa.)
Não houve destaque do artigo, por isso não há
discussão da matéria.
O SR.
REGINALDO PUJOL: O art. 3.º é o que diz que a Lei entra em vigor na
data de sua publicação.
O SR.
PRESIDENTE (José Fortunati): É isso mesmo. O art. 3º diz que esta Lei entra em
vigor na data da sua publicação.
Em votação nominal o art. 3º ao PLL n.º 089/02.
(Pausa.) Não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão à 01h27min do dia 30.5.2002.)
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